sábado, 12 de março de 2011

LIÇÃO 11 - ANTIOQUIA, UMA IGREJA QUE ROMPE BARREIRAS

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Atos dos Apóstolos
Prof. Dc João Paulo Cruz – Classe Bereanos

Primeiro Contato

Em Atos 13 o horizonte de Lucas se alarga, pois o nome de Jesus seria maciçamente testemunhado além da Judéia e Samaria. A partir de Antioquia chegaria aos confins da terra. Os dois diáconos evangelistas prepararam o caminho. Estevão através de seu ensino e martírio, Filipe através de sua evangelização ousada junto aos samaritanos e ao etíope. O mesmo efeito tiveram as duas principais conversões relatadas por Lucas, a de Saulo, que também fora comissionado a ser o apóstolo dos gentios, e a de Cornélio, através do apóstolo Pedro. Evangelistas anônimos também pregaram o evangelho aos “helenistas” em Antioquia. Mas sempre a ação esteve limitada à Palestina e à Síria. Ninguém tinha tido a visão de levar as boas novas às nações além mar, apesar de Chipre ter sido mencionada em At 11.19. Agora, finalmente, vai ser dado esse passo significativo.

Verdade Aplicada

Quando estudamos a parte da teologia sistemática pneumatologia – doutrina do Espírito Santo – entendemos perfeitamente que é muito mais que um simples cartão de visita. Uma igreja pode muito bem viver sem um cartão de visita, mas o corpo de Cristo jamais seria vivo sem a presença atuante da Terceira Pessoa da Trindade. O Espírito faz muito mais que apresentar uma boa impressão para quem chega. Além de governar a vida da igreja, ele exerce ministérios pessoais na vida dos seres humanos, seja na esfera da redenção ou não:

·   Ele convence as pessoas Jo 16.8-11
·   Ele guia as pessoas a verdade Jo 16.13
·   Ele consola pessoas Jo 14.16; 15.26; 16.7
·   Ele inspira pessoas 2 Pe 1.21; 1 Pe 1.11
·   Ele comunica vida as pessoas 1 Jo 3.9
·   Ele santifica a vida dos pecadores 1 Pe 1.2

1. Antioquia a primeira igreja gentílica
1.1 A cidade de Antioquia
1.2 Antioquia uma igreja guiada pela mão do Senhor
1.3 Antioquia uma igreja impactante

A população cosmopolita de Antioquia se refletia nos membros de sua igreja e até mesmo em sua liderança, que consistia em cinco profetas e mestres que moravam na cidade. Lucas não explica a diferença entre esses ministérios, nem se todos os cinco exerciam ambos os ministérios ou se os primeiros três eram profetas e os últimos dois mestres. Ele só nos dá os seus nomes. O primeiro era Barnabé, que foi descrito com “um levita, natural de Chipre” (At 4.36). O segundo era Simeão que tinha o sobrenome de Níger, que significa negro, provavelmente um africano e supostamente ninguém menos que Simão Cireneu, que carregou a cruz para Jesus. O terceiro era Lúcio de Cirene e alguns conjecturam que Lucas se referia a si mesmo o que é muito improvável já que ele preserva seu anonimato em todo o livro. Havia também Manaém, em grego chamado o “syntrophos” de Herodes o tetrarca, isto é, de Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande. A palavra pode significar que Manaém foi “criado” com ele de forma geral ou mais especificamente que era seu irmão de leite. O quinto líder era Saulo. Estes cinco homens simbolizavam a diversidade étnica e cultural de Antioquia e da própria igreja[1]. Antioquia era a terceira cidade mais importante do Império Romano (depois de Roma e Alexandria). Nela surgiu a primeira igreja cristã constituída, em sua maioria por gentios convertidos. De Antioquia partiram três grandes viagens missionárias de Paulo (At 13.1-4; 15.40; 18.23). Barnabé era de Chipre, Lucio de Cirene e os filhos de Simão, bem conhecidos da igreja primitiva (Mc 15.21; Rm 16.15). É interessante notar que os fundadores das igrejas de Roma e Antioquia era leigos. Jesus Cristo passa a ser apresentado aos gentios como Senhor (em grego Kurios), pois o Messias e seu ministério estão mais relacionados com Israel e seu povo (At 2.36; 5.42; 8.5; 9.22).
Por legalistas entendemos serem todos aqueles que baseiam sua salvação em formalidades religiosas e boas obras. Os ensinos do Novo Testamento são claros e definitivamente contrários a esse tipo de comportamento, acusando-o de hipócrita e incapaz de produzir uma vida cristã que agrade a Deus. A livre interpretação da Bíblia na atualidade, com seu pragmatismo exacerbado, sobretudo com o advento da teologia da prosperidade, atingiu em cheio as instituições religiosas, sobretudo aquelas que tradicionalmente desenvolveram um modelo de fé evangélica do tipo “ortodoxa”, com apego a um alto padrão de conduta cristã que inclui uma moralidade rígida e adoção de usos e costumes. Modernas denominações religiosas que adotam a flexibilização de determinadas atitudes comportamentais, à revelia da Palavra de Deus, procuram justificar seus atos atacando todos quantos optem por manter um padrão de conduta de acordo com o modelo recebido das lideranças que os antecederam e que pautaram suas vidas pelos ensinos das Sagradas Escrituras. Esses indiscriminadamente são chamados de legalistas por uma nova geração de crentes que estão cada vez mais empenhados em produzir um modo de ser cristão à sua própria maneira. Lendo uma pequena obra literária publicada pela Imprensa Batista Regular,  o autor discorre acerca de Cristo e dos líderes religiosos da sua época, chamando nossa atenção para o contexto em que essas divergências atingiram seu ápice. Tanto Cristo como o apóstolo Paulo empreenderam muitos esforços em combater a religião de aparências e o formalismo que caracteriza a legalidade segundo a Bíblia. O que os líderes religiosos da época de Jesus e de Paulo ensinavam e acreditavam contradizia os princípios do Reino de Deus, mas eles estavam tão cheios de si mesmos a ponto de se considerarem bem sucedidos em ganhar a aprovação de Deus, viam a si mesmos como povo de Deus e especialmente favorecidos, orgulhosos de sua atuação religiosa. Mas o que exatamente fez com que todos esses fossem taxados de legalistas pelas Escrituras?

·  A aparência exterior: Eles limpavam “o lado exterior do copo e do prato” – Lc 11.39.
· Seu separatismo: Quando Jesus recebia publicanos e pecadores, eles murmuravam dizendo “esse homem recebe pecadores e come com eles” – Lc 15.2.
·  Seu dízimo sistemático: Davam o dízimo tão religiosamente que até dez por cento dos seus  temperos eles dizimavam, “porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças” – Lc 11.42.
·  Sua observância dos dias santos religiosos. Eles acrescentavam regras sobre o sábado muito além do requerido pela lei – Mc 12.1-13.
·  Sua veneração a líderes religiosos mortos: “Vós edificais os sepulcros dos profetas e adornais os túmulos dos justos” – Mt 23.29.
·  Zelo em testemunhar: Buscavam converter outras pessoas ao seu próprio modo de vida, “rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito” – Mt 23.15.
·   Suas orações públicas impressionantes: “Eles gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças” – Mt 6.5.
·   O desprezo para com aqueles que não seguiam as mesmas regras: “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão” – Mt 15.2.

Não apenas isso, mas essa pequena mostra já nos induz refletir um pouco acerca do tipo de crente que devemos ser ou não. A falta de conhecimento da Palavra de Deus hoje é tão nociva quanto foi em épocas passadas e continua fazendo estragos irreparáveis. Há, em alguns círculos acadêmicos, uma ilustração muito utilizada para representar o perigo da falta de discernimento: “É preciso cuidado quando jogar a água da banheira fora para não jogar também o bebê”. Há cristãos legalistas em todos os meios religiosos e os excessos precisam ser combatidos, sejam quais forem as suas formas de apresentação, mas um adequado posicionamento cristão precisa ser defendido com amor e conhecimento das escrituras. Associar os usos e costumes à legalismo e combatê-los simplesmente pelo fato de serem humanamente constituídos é também uma forma de legalismo, e demonstra um grande desconhecimento do tratamento que a Bíblia dispensa a esse assunto. O melhor é permanecer “firmes na liberdade com que Cristo nos libertou” (Gl 5.1), servindo a Deus com inteireza de coração (1 Rs 9.4), na reta medida que Deus nos deu (2 Co 10.13), pois sabemos que “o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” Hb 5.14[2].

2. O desafio de Barnabé
2.1 A visão de Barnabé
2.2  Uma escolha acertada
2.3  O reconhecimento

Barnabé - Há muito mais escrito sobre esse homem do que sobre a maioria dos apóstolos e seu ministério público provavelmente se não se assemelha ao ministério da maioria dos apóstolos, ultrapassa-os. Provavelmente, muito do que há registrado sobre ele tenha sido escrito por causa de sua forte ligação a Paulo. Vendeu suas terras e deu tudo o que recebeu ao Senhor. Era também um homem que gostava de ajudar as pessoas totalmente desprovidas. Quando os apóstolos mostraram-se céticos com relação a reputação passada de Paulo (At 9.26), foi Barnabé quem falou por ele (At 9.27-29). João Marcos falhou miseravelmente com relação ao seu dever, na primeira viagem missionária (At 13.13). Por causa disto, Paulo não quis dar outra chance a ele (At 15.38). Barnabé, porém, insistiu que lhe dessem nova chance (At 15.37,39). O resultado da insistência de Barnabé foi um trabalhador muito produtivo na vinha do Senhor. Isso foi mais tarde reconhecido pelo próprio Paulo (2 Tm 4.11). Barnabé certamente estava entre os setenta enviados pelo Senhor em Lucas 10.1-12. Concluímos isso a partir de dois fatos: Primeiro, estava bem ligado aos apóstolos na época da conversão de Paulo (At 9.26,27). Segundo, tinha poderes apostólicos e participava com Paulo na operação de diversos milagres. Podemos tender a sentir alguma disputa contra Barnabé por causa de sua divergência inflamada com Paulo (At 15.37-39). Nesse caso Barnabé parecia estar certo e Paulo parece ter admitido isso em 2 Tm 4.11. Além disso, ao invés de um, surgiram dois grupos missionários da persistência de Barnabé (At 15.39,40)[3]. Podemos ver, portanto, que Deus transforma situações, em princípio vistas como não sendo boa, em benefícios para sua obra.

3. Antioquia, uma igreja sensível a voz do Espírito 

Primeiramente vamos entender o que o comentarista nos diz sobre “igreja dos sonhos”. Segundo ele, esta igreja seria formada por membros Barnabé, Ágapo, entre outros. Não desmerecendo estes personagens bíblicas que nos servem de exemplo, mas entendo como igreja dos sonhos aquela que será inaugurada com o arrebatamento. Nesta igreja não haverá erros, morte, pecado, e nenhum outro tipo de concupsciência, já que todos os seus membros já estarão com corpo incorruptível e glorificado. 

3.1 Em Antioquia havia uma direção sobrenatural

Precisamos entender também dom de profecia e ministério profético:

·  Profetas (ministério profético) são homens que falam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e a pureza da igreja. Possuiam funções como: Proclamar e interpretar as Escrituras. Sua mensagem visa admoestar, exortar, consolar e edificar.
·  Dom de profecia: Manifestação do Espírito, disponível a todo cristão cheio dEle (At 2.16-18). Capacita ao cristão transmitir uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo, não se trata de um sermão previamente preparado.

3.2  Em Antioquia havia uma delegação sobrenatural

Delegação: É a atribuição de responsabilidade e autoridade a um nível hierárquico inferior (delegado), para que este execute determinada tarefa (delegada), a qual compete ao nível hierárquico superior (delegante)[4].
Uma igreja que estava com tudo perfeito contraria a verdade bíblica que precisamos sempre melhorar.

2 Co 3.18: "Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor".

Hb 6.1: "Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus..."

Fp 3.12: "Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus".

1 Pe1.4: "Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós..."

3.3  Em Antioquia o Senhor era Soberano

2 Tm 3.1-5: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te".

2 Pe 2.1: "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição".

4. Antioquia, o nosso modelo de igreja

Antes mesmo de Antioquia ser o nosso exemplo temos um paradigma maior: Jesus Cristo.

1 Tm 1.16: "Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna".

1 Pe 2.21: "Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas".

Rm 15.5: "Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus".

4.1 Antioquia, uma igreja que cumpria a grande comissão
  
Jo 8.32: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".

Jo 17.17: "Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade".

4.2 Os crentes de Antioquia não viviam isolados

At 2.42: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações".

1 Jo 1.7: "Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado". 
     
4.3 Antioquia, servia ao Senhor com jejum e oração

2 Pe 3.18: "Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade".

Cl 4.2: "Perseverai em oração, velando nela com ação de graças".

Rm 12.12: "Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração".

Fp 4.6: "Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças".

Is 58.5-7: "Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao SENHOR? Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?"

Conclusão 

At 11.21: "A mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor".

Quando buscamos sinceramente ao Senhor, fazemos sua obra com zelo e responsabillidade, adoramos em Espírito e em Verdade, temos em mente que dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas, vemos o agir de Deus em nossas vidas ministeriais como sinal de que sua mão é conosco.

"Quando a Palavra de Deus converte um homem, tira dele o desespero, mas não a capacidade de arrepender-se" (Charles H. Spurgeon).

Referências Bibliográficas:

Um comentário:

Rozana disse...

Adorei o resumo de vcs, tenho dificuldade de aprender, mas está sendo bem gostosa essa leitura. Deus continue iluminando vcs.