sábado, 30 de junho de 2012

LIÇÃO 1 - A DIVINDADE DE JESUS

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Jesus Cristo – O Mestre da Evangelização
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1).

Verdade Aplicada: O meio mais completo da revelação de Deus é a encarnação, em que a vida e o discurso de Jesus foi a manifestação especial do Pai.

Objetivos da Lição:

·       Apresentar Jesus como tema central do Evangelho de João.
·       Mostrar que Jesus foi rejeitado e que podemos também ser.
·       Revelar aos homens que Jesus é Deus.

Textos de Referência: Jo 1.1-7,14

Introdução: O propósito maior do Evangelho de João é afirmar que Jesus é o Filho eterno de Deus (Jo 20.31). O autor, segundo a tradição judaico-cristã, é o próprio João, o apóstolo. Ele é aquele discípulo a quem Jesus amava e que estava presente na última ceia, na crucificação, e ao túmulo vazio do Senhor. Na Bíblia, há quatro livros biográficos sobre Jesus, os primeiros três são geralmente conhecidos como sinóticos. João é ímpar porque nos ajuda a entender os outros três, pois dá uma interpretação mais profunda da vida do Senhor.

Jo 20.31: “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.

João presente na última ceia:

Jo 13.23: “Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus”

João presente no momento da crucificação:

Jo 19.26: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho”.

João presente junto ao túmulo vazio:

Jo 20.1-4: “E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro”.

Segundo estudos constantes em ‘O Novo Dicionário da Bíblia’ (Douglas, 1995, pp. 565-572), e no Comentário Bíblico Pentecostal (Shelton, 2003, pp. 1-7), a palavra “evangelho” (em grego, euangelion, ‘boas novas’), na literatura clássica designava a recompensa dada pela entrega de boas notícias. Sua transferência posterior para as próprias “boas novas” pertence ao Novo Testamento e à primitiva literatura cristã. O termo é encontrado por mais de setenta e cinco vezes no Novo Testamento, o que sugere um sentido tipicamente cristão. O “evangelho” é a boa mensagem, “de que Deus, em Jesus Cristo, cumpriu suas promessas a Israel, e que o caminho da salvação foi aberto para todos”. O emprego do termo ‘evangelhos’ para designar os primeiros quatro livros do Novo Testamento é post-bíblico (século II d.C.). Foi nos meados do segundo século da era cristã que começou a ser usado a forma plural; assim é que Justino Mártir diz que as ‘memórias compostas pelos apóstolos’ são chamadas de ‘evangelhos’. O começo da escrita dos evangelhos coincide com o fim da primeira geração cristã. Conforme aqueles que foram ‘testemunhas oculares’ desde o princípio (cf. Lc 1.2) iam sendo removidos pela morte, a necessidade de um registro escrito permanente sobre seus testemunhos tornava-se cada vez mais agudamente sentida do que antes. É justamente nesse ponto que a tradição do segundo século situa o início da escrita evangélica, ou seja, todos os quatro evangelhos canônicos provavelmente devem ser datados dentro das quatro décadas de 60 a 100 d.C. A maioria dos estudiosos acredita que Mateus e Lucas usaram o evangelho de Marcos, o evangelho mais antigo existente, como fonte principal. Papias, escrevendo por volta da virada do século, diz que o evangelho de Marcos registra os ensinos de Pedro que Marcos escreveu depois do martírio do apóstolo na perseguição da igreja, perpetrada pelo imperador Nero em 64 d.C.. Mais de noventa por cento de Marcos está expresso em Mateus e Lucas; por conseguinte os primeiros três evangelhos são chamados “sinóticos” que significa “ver juntos”. Em data bem recuada, depois da publicação do quarto evangelho, os quatro evangelhos canônicos começaram a circular como uma coleção, e assim tem continuado desde então. Quem primeiramente os reuniu para formar um conjunto quádruplo, não se sabe, e é bastante incerto onde o conjunto quádruplo veio a ser conhecido em primeiro lugar – reivindicações têm sido feitas tanto a favor de Éfeso, como de Roma. Conforme escrito na Bíblia de Estudo Pentecostal (D. Stamps, 1995, p. 1567), o evangelho de João é ímpar em relação aos demais, por relatar muitos fatos do ministério de Jesus na Judéia e em Jerusalém que não se acham nos sinóticos. Além disso, ele revela mais a fundo o mistério acerca da Pessoa de Jesus. João apresenta Jesus focalizando principalmente a sua divindade. Ele não relata o nascimento de Jesus, não traça a sua genealogia a partir de Abraão ou a partir de Adão; não se detém na apresentação do Servo que cumpre o serviço de seu Pai neste mundo, no entanto, João apresenta a existência de Jesus antes do princípio de tudo e a sua participação na criação de todas as coisas. A eternidade e poder criador de Jesus (atributos exclusivos de Deus) são assim postos em evidência o que atesta então a divindade de Jesus. Em paralelo, João apresenta também a encarnação de Jesus não deixando dúvida quanto a sua existência corporal e assim a identidade por completo de Jesus é revelada: Ele é Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem. Todos os quatro evangelhos são anônimos no sentido de que nenhum deles inclui o nome de seu autor. No quarto evangelho o autor se identifica indiretamente como o discípulo a quem Jesus amava (ver Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7,20). A evidência interna do quarto evangelho, bem como o testemunho dos primórdios do cristianismo evidenciam João, o filho de Zebedeu, como o autor. Segundo escreve B. C. Aker (2003, p. 487), Policarpo, que aos 86 anos de idade morreu por volta de 156 d.C., provavelmente associou-se com o apóstolo na Ásia e transmitiu a informação de que João era o autor do quarto evangelho (ver Eusébio, História Eclesiástica). Entre os associados de Policarpo achava-se Papias, bispo de Hierápolis, Ásia Menor, e discípulo de João (Irineu, Contra Heresias; Papias, Fragmentos; Eusébio, História Eclesiástica). Papias era ouvinte de João, que dava testemunho dos ensinos de João acerca de Jesus. João foi um dos doze apóstolos de Jesus, e também um dos três mais chegados a Ele. Sua mãe se chamava Salomé (ver Mt 27.56; Mc 16.1) e segundo escreve J. Douglas (1995, p. 830), Salomé é usualmente considerada como irmã de Maria, a mãe de Jesus, e sendo assim, João era primo de Jesus. Segundo B. C. Aker (2003, p. 489, 491), é provável que João estivesse em Éfeso por ocasião da escrita do quarto evangelho. Ele escreveu para as igrejas que se reuniam em casas em Éfeso e arredores. Tradições bem atestadas dizem que João sobreviveu até o reinado de Trajano (98-117 d.C.). João 21.21-23 parece dar apoio a essa tradição, que de fato o autor não morreu antes do fim do século I.

1. Quem é Jesus segundo João? O Evangelho de João é obviamente, notável por suas referências à divindade de Jesus. Já no princípio de seu livro, João expressa particularmente essa idéia: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1).

O evangelho de João começa denominando Jesus de “o Verbo”. Através deste “título”, João revela a existência pessoal de Jesus desde antes do princípio, além de revelar também sua participação na criação de todas as coisas, sua auto-existência e sua relação com o mundo. João mostra assim a plena divindade de Jesus, colocando-a em evidência, pois eternidade, poder criador, e auto-existência são atributos exclusivos de Deus.

1.1 Ele é eterno – João 1.1 começa de modo semelhante ao primeiro livro do Antigo Testamento, Gênesis 1.1: “No princípio”. É uma indicação de que o “Verbo” já existia na eternidade. [...] João faz alusão a Gênesis 1.1, “No princípio”, período que iniciava a história da primeira criação; mas, em João 1.1, inicia-se a história da nova criação. Nas duas obras de criação, o agente é a Palavra de Deus.

Em analogia ao livro de Gênesis que começa com a frase “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1), o evangelho de João começa também com a expressão “no princípio”: “No princípio, era o Verbo...” João apresenta assim a existência de Jesus como Pessoa. Ele era o “Verbo”, ou seja, Aquele que promovia a ação proveniente da vontade divina, sendo sua existência antes do princípio de todas as coisas, o que é indicado pelo verbo “era” no texto em apreço. João mostra também a personalidade distinta de Jesus da Pessoa de Deus Pai através da seqüência “...e.o Verbo estava com Deus. Uma pessoa estar com Deus, no entanto, não implica necessariamente que tal pessoa é um Ser Divino, então para não deixar dúvida de quem era Aquele que estava com Deus, João completa: “E o Verbo era Deus” (Jo 1.1).

1.2 Ele é divino – João define que “o Verbo era Deus”. Tal pensamento vai permear todo o seu Evangelho, em que o próprio Jesus faz várias declarações, utilizando-se da expressão “Eu Sou”. Coisa que um judeu em sã consciência não faria jamais, pois essa expressão apenas se aplica a Deus, mas Jesus disse: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6.48); “eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12); “antes que Abraão existisse eu sou” (Jo 8.58); “eu sou a porta” (Jo 10.9); “eu sou o bom pastor” (Jo 10.11); “eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25). João apresenta Jesus como o próprio Deus, uma revelação que mais tarde os apóstolos também vão confirmar, porque não houve como negar que Cristo é a representação visível do Deus invisível (Cl 1.15).

O evangelho de João contém sete declarações onde Jesus se utiliza da expressão “Eu Sou”: Além das seis descritas pelo comentarista, em Jo 15.1, Jesus também diz: “Eu Sou a videira verdadeira” (Jo 15.1). Em Jo 8.58, Jesus ainda se utiliza da expressão “Eu Sou” através das palavras “antes que Abraão existisse eu sou”. A expressão “Eu Sou” faz referência a um dos nomes eternos de Deus, já que foi desta forma que Deus se revelou a Moisés por ocasião de sua manifestação na sarça ardente: “E disse Deus a Moisés: eu sou o que sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: eu sou me enviou a vós” (Ex 3.14). Ao utilizar-se desta expressão aplicando-a a si mesmo, Jesus reivindica-se a si mesmo ser Deus, o que era uma blasfêmia para os judeus, e daí em Jo 8.59, João relatar o intento dos judeus de apedrejarem Jesus cumprindo-se o que estava escrito em Lv 24.16 (“E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto”), o que indica que os judeus claramente entenderam a declaração de Jesus quanto a sua divindade.

1.3 Ele é criador – O texto de introdução do Evangelho de João não é único que aborda Jesus como o criador de todas as coisas (Jo 1.3). Em Hebreus 1.2 diz que o “Filho de Deus também criou o mundo; em Apocalipse 3.14, Ele é mencionado como o “princípio de todas as coisas”; como membro da Trindade, Ele criou o mundo (Gn 1.1), participou da criação do homem (Gn 1.26; 1 Co 8.6; cf. Cl 1.16,17). Então, conclui-se que todos nós somos impelidos a prostrar-nos de joelhos em adoração diante de Jesus Cristo, pois Ele é apresentado por João em todo tempo, maior do que qualquer um de sua época, de fato, Jesus é o próprio Deus, criador que habitou entre nós (Jo 1.14).

Hb 1.1,2: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo”.

1 Co 8.6: “Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele”.

Cl 1.16,17: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”.

Em Jo 1.2,3, João, dando prosseguimento à sua apresentação do “Verbo”, diz: “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.2,3). Através desta frase, João mostra o poder criador e a participação do “Verbo” na criação de todas as coisas. É importante notar que sendo a obra da criação um atributo exclusivo de Deus, o texto de Jo 1.2,3 é também uma afirmação tácita da divindade de Jesus. Em Jo 1.4, João escreve: Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4). Através desta frase, João mostra a auto-existência de Jesus, ou seja, assim como Deus Pai tem vida em si mesmo, assim também Ele [o Verbo] tem vida em si mesmo. Sua vida era a luz dos homens, isto implica dizer que através da manifestação de Cristo no mundo, a forma de vida proposta por Deus para os homens seria revelada. Os homens, porém, vivendo em trevas não o compreenderam, conforme fica subentendido na declaração do versículo 5 quando então João escreve: “E a luz resplandece nas trevas; e as trevas não a compreenderam”.

2. A encarnação de Jesus Jesus veio ao mundo como um ser totalmente humano. Um conhecido judeu do I século d.C., participando de todas as atividades de um ser humano comum. Diferente de reencarnação, Ele de fato encarnou, fez-se homem e habitou entre nós (Fp 2.5-8). E manifestou-se entre os homens como luz do mundo (Jo 1.4). Veio para eliminar as trevas profundas da humanidade. Essa é uma verdade essencial, negada terminantemente pelos gnósticos da época. Eles afirmavam que a encarnação de Jesus não teria sido real (1 Jo 4.2,3). Mas João consegue provar que, de fato, Ele esteve entre os homens.

No Evangelho de João, além de focalizar a divindade de Jesus, conforme já foi considerado nos pontos anteriores, João focaliza também a humanidade de Jesus falando acerca de sua encarnação. Tal fato era importante no contexto da época, pois de acordo com testemunhos antigos, uma das razões que levou João a escrever, foi a de refutar uma perigosa heresia concernente à natureza, pessoa e deidade de Jesus propagada por um certo judeu de nome Cerinto. B. C. Aker (2003, p. 485) esclarece que esta heresia era uma forma de gnosticismo que não cria na humanidade de Jesus, o que colocava em perigo a crença cristã na encarnação. A verdadeira fé era caracterizada pela confiança no Jesus humano e divino e deixar de crer em Jesus com essas características retiraria os crentes da igreja e assim eles já não teriam a vida eterna. Através da frase “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14), João apresenta a encarnação de Jesus não deixando dúvida quanto a sua existência corporal, pois ele próprio fora testemunho da mesma, e assim a identidade completa de Jesus é revelada: Ele é Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem, ou de forma equivalente, 100% Deus e 100% Homem.

2.1 O testemunho de João Batista – João Batista apontou para Jesus e disse que Ele era o Messias. O Messias que havia dito que viria depois dele, e afirmava que Ele era superior ao seu ministério. João Batista fez questão de dizer que o Senhor sempre foi maior do que ele. E testemunhou, dizendo que todos sempre viveram de sua generosidade, recebendo dádivas, uma após outra. João Batista não fracassou em sua missão especial de testemunhar acerca da chegada iminente do Messias pré-existente, que traria graça e revelação especial de Deus (Jo 1.15-18).

A partir do versículo 15, João fala do testemunho dado por João Batista a Israel acerca de Jesus. João Batista teria apresentado Jesus a Israel através das seguintes palavras: “O que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu” (Jo 1.15b). Conforme pode-se perceber, João Batista através desta declaração, já deixava implícito a Israel a existência anterior de Jesus a ele próprio, apesar de Jesus, como Homem, ter nascido posteriormente a João, no entanto, como Deus, Ele é anterior a João Batista. O testemunho dado por João Batista já mostrava também a plenitude da graça de Deus com a vinda de Jesus Cristo. Através da frase “E todos nós recebemos da sua plenitude, com graça sobre graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1.16,17), João Batista deixava implícito a Israel, a relação entre a lei de Moisés e a vinda de Jesus. Todos aqueles que viveram sob a lei do Antigo Testamento já experimentavam certa medida de graça, sendo esta evidenciada, por exemplo, na obtenção do perdão, apesar do testemunho contrário aos homens dado pela lei. A lei mostrava ao homem o que ele deveria ser diante de Deus, porém ele não o era e diante disto, ele deveria ser condenado. A graça de Deus já era, no entanto manifestada, pois o Senhor provera um meio de obtenção do perdão através dos sacrifícios no templo cuja realização já apontava para a vinda do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (ver Jo 1.29). Com a vinda de Jesus Cristo a graça de Deus sobre os homens é manifestada agora em toda sua plenitude, de forma que João se refere a isto como sendo graça sobre graça, o que indica generosidade de Deus para com todos os homens desde os tempos do Antigo Testamento até os tempos do Novo Testamento.

2.2 A rejeição dos homens Apesar de o mundo existir por causa de Jesus, mesmo assim o mundo não o acolheu (Jo 1.10), Ele veio para os eu povo, mas eles não o quiseram (Jo 1.11). No entanto houve os que o quiseram de verdade, que acreditaram em sua mensagem, e não duvidaram de seus feitos. Então o Senhor fez deles o seu povo predileto, de propriedade exclusiva. Homem e mulheres que foram feitos filhos de Deus, não nascidos de sangue, nem de carne, mas gerados segundo o poder do Senhor (Jo 1.12).

Em Jo 1.10-12, João se referindo a vinda de Jesus ao mundo diz: “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome”. João mostra desta forma, a rejeição que Jesus sofreu no mundo, especialmente pelos seus, o povo judeu, que não o reconheceram como sendo o “Cristo, o Filho do Deus vivo”. Haveriam, no entanto aqueles que creriam em Jesus e que por conseqüência, o receberiam como Senhor e Salvador de suas vidas. Este acontecimento sela o princípio de uma nova existência na vida daqueles que crêem em Jesus, pois estes desde então recebem o direito de serem feitos filhos de Deus. O ato de crer neste versículo deve ser visto, conforme escreve B. C. Aker (2003, p. 497) não como “o evento de um tempo, como ocorre na chamada ao altar, mas é um ato contínuo, um etilo de vida ou um estado”. João prossegue na seqüência, se referindo a nova existência daqueles que crêem em Jesus não como resultado da vontade do homem, mas como resultado da vontade de Deus, pois toda iniciativa para a salvação do homem e restauração de sua relação com Deus parte do próprio Deus e não do homem, conforme fica subentendido em Jo 1.13 nas seguintes palavras: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”.

2.3 A manifestação do Verbo – Aqui reside um grande mistério da salvação, em que ela se torna possível ao homem mediante a manifestação do Verbo. O fato de a Palavra pré-existente estar na eternidade nada influencia o destino humano, mas quando o Verbo se faz carne, Ele nos traz as riquezas da sua divindade, dada a capacidade de satisfazer o homem no seu anseio por Deus. Jesus, a Palavra, não nasceu como um homem comum que foi trazido a esse mundo mediante a união do casal José e Maria, pois Ele já existia. O Verbo, para encarnar, foi-lhe necessário se despir da sua glória celestial para pertencer à humanidade (Fp 2.5-8) como um príncipe que se veste igual a um plebeu e entre eles anda, para conhecer mais de perto a vida deles. Assim, o Verbo “habitou entre os homens, e fez a sua tenda aqui”.

Deus se manifestou ao homem desde o momento em que este foi criado para revelar a sua vontade a ele. A revelação de Deus aos homens foi progressiva. Inicialmente, Deus se revelou de forma oral, sendo o testemunho acerca de Deus passado de geração em geração. Esta forma de revelação de Deus aos homens se deu desde Adão até os patriarcas da nação de Israel, Abraão, Isaque e Jacó. Posteriormente, com a chamada de Moisés, o homem passa a receber da revelação escrita da Palavra de Deus, onde a vontade de Deus ao homem é expressa de forma mais ampla. Diante destes fatos, pode-se dizer que a Palavra de Deus desde a eternidade, ou de forma mais precisa, desde a criação do homem, já influencia no destino humano, pois o homem é salvo ou não de acordo com o seu comportamento em relação à vontade e revelação de Deus dada aos homens em cada momento da história. Com a vinda de Jesus a revelação da vontade de Deus aos homens se amplia em toda sua plenitude. A salvação é oferecida a todos os homens por meio da pessoa de Jesus Cristo, sendo ela possível de acordo com a forma como o homem responderá ao Senhorio de Jesus Cristo em suas vidas.
A encarnação de Jesus Cristo se deu através do ventre de Maria, sendo ela ainda virgem, conforme havia sido vaticinado pelo profeta Isaías: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14). O Filho de Deus se manifestou desta forma em carne, sendo isto um mistério de acordo com 1 Tm 3.16: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória”. O Filho de Deus ao tomar a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens despiu-se da sua glória, porém é importante deixar claro que isto não aconteceu para que Ele viesse mais de perto a conhecer a vida dos homens. Ele é o Criador de todas as coisas e detém desde a eternidade o pleno conhecimento da sua criação. A encarnação do Filho de Deus teve como propósito salvar os homens de seus pecados e revelar ao homem a forma de vida proposta por Deus a ele, forma de vida esta da qual o homem tem se desviado desde o momento em que ele pecou. Através de Jesus Cristo, no entanto todos os homens têm agora um modelo de conduta em todos os seus aspectos, sejam eles físicos, espirituais, emocionais e sociais, caso eles desejem viver de acordo com a vontade de Deus para suas vidas.

1 Pe 1.2-3: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude”.

3. As bênçãos da encarnação Jesus, ao encarnar e viver entre os homens, comunicou suas bênçãos, enriquecendo a experiência humana com o que há de melhor do céu, a sua própria natureza. Sua presença modificou comportamentos, trouxe esperança e pavimentou as estradas esburacadas da alma humana. Sua graça, sua verdade e sua glória, marcaram para sempre, a história dos homens (Jo 1.14,17).

Jesus ao encarnar mostrou ao homem o caminho da obediência a Deus, o caminho da renúncia, o caminho da humildade, o caminho do amor a Deus e ao próximo, o caminho do serviço a Deus e ao próximo, o caminho do conhecimento de cada um acerca de si mesmo, o caminho da justiça, o caminho da paz, o caminho do arrependimento, o caminho da dependência de Deus, o caminho da conversão etc... Sua presença modificou a história da humanidade de tal forma que desde então, até o próprio calendário passou a ser dividido em “antes de Cristo” e “depois de Cristo”, e da mesma forma, a história de cada homem fica dividida em “antes de Cristo” e “depois de Cristo”.

3.1 A Graça de Jesus – Nas Escrituras, as palavras que traz a tradução para graça são “hen” (heb.) e “charis” (Gr.). Essas duas palavras não têm o mesmo significado da palavra graça como se conhece na língua portuguesa, que implica virtude pessoal. Nas palavras de J. L. Packer, indica uma “relação objetiva de favor imerecido conferido por alguém superior a outro inferior, que, no caso da graça de Deus para com a pessoa humana, está ligado às idéias de pacto e de escolha” (Ef 2.1-8). E essa ação de Deus para com a humanidade resultou em vidas transformadas, mediante um chamado de Deus eficaz, com fé e arrependimento (Gl 1.15; Ef 2.8,9; 2 Tm 2.25).

A graça de Deus se refere ao favor de Deus para com os homens, apesar destes não a merecerem. Através da vinda de Jesus Cristo, Deus manifesta sua graça para com os homens em toda sua plenitude. Em Jo 1.14, João se refere a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. Tais palavras mostram a generosidade, o amor, a compaixão de Jesus para com os homens concedendo-lhes da sua glória; Jesus, porém em função da sua graça, jamais comprometeu a verdade. A combinação da graça ou do amor de Deus à verdade é algo comum nas páginas das Escrituras sendo que em Jesus graça e verdade juntas se expressam em toda a sua plenitude.

Sl 85.10: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram”.

2 Jo 3: “A graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco na verdade e amor”.

3.2 Jesus é a Verdade – A verdade já não está encoberta e agora está acessível a todos. A encarnação de Jesus proporcionou o conhecimento sobre o Deus que Israel demorou a entender (Jo 1.11). Agora todos podem amar a “verdade”, como bem disse Agostinho: “amando a verdade somos capazes de vivê-la. Vivendo a verdade, nossas próprias vidas se tornam verdadeiras. Nós nos tornamos o que devemos ser; filhos de Deus a sua imagem e semelhança” (Gl 4.19).

Jo 14.6: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.

3.3 A glória de Jesus Quando João escreveu, “vimos a sua glória, glória como unigênito do Pai”, ele estava dando um testemunho do qual presenciou e participou ativamente, visto que ele foi discípulo direto de Jesus. Ele testemunhou essa glória, manifestada do unigênito Filho de Deus, de uma forma relacional e eterna com o Pai (Jo 1.14). Ao testemunhar assim, João também preocupou-se com as heresias de natureza filosóficas da época quanto a divindade de Jesus, principalmente de um grupo gnóstico que ensinava que Jesus não veio em carne, mas de maneira aparente, como se vê um fantasma. João testemunha de um Jesus encarnado que morreu, mas ressuscitou em carne também, o contrário disso é heresia demoníaca (Jo 20.11-18; Lc 24.33-43). Logo percebemos um aspecto de defesa nesse evangelho que também nos mostra o que às vezes a nós será necessário fazer.

Conforme foi visto no ponto 2, o evangelho de João foi escrito para refutar a heresia concernente à natureza, pessoa e deidade de Jesus propagada pelos gnósticos que não criam na humanidade de Jesus. João testifica da encarnação de Jesus falando acerca daquilo que ele viu. Também em 1 Jo 1.1, para refutar as heresias propagadas pelos gnósticos, João mostra a realidade da encarnação de Jesus, falando não somente daquilo que ele testificou através da sua visão, de sua audição, mas também de forma palpável: “O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida!”. J. Stott (1982, p. 52) escreve sobre isto:

“O Eterno penetrou no tempo e foi manifestado aos homens. O Verbo fez-se carne e assim se apresentou aos três sentidos mais elevados dos homens (audição, vista e tato). [...] Ter ouvido não era suficiente; os homens ‘ouviam’ a voz de Deus no Velho Testamento. Ter visto era mais persuasivo. Mas ‘apalpar’ foi a prova conclusiva da realidade material, de que o Verbo ‘se fez carne e habitou entre nós’”.

Referências Bibliográficas:
Douglas, J. D.; O Novo Dicionário da Bíblia, 1995, 2a Ed., Edições Vida Nova, São Paulo, SP.
Shelton, J. B.; Camery-Hoggatt, J.; Arrington, F. L.; Aker, B. C.; Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1a Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Stamps, D.; Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Stott, J. R. W. I, II e III João – Introdução e Comentário 1982, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, São Paulo, SP.

2 comentários:

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