sábado, 16 de junho de 2012

LIÇÃO 12 - A PLENITUDE DA REDENÇÃO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).

Verdade Aplicada: Quando todas as coisas forem restauradas, nenhuma glória além da glória do próprio Deus será mais exaltada do que a glória da igreja, a esposa do Cordeiro.

Objetivos da Lição:

·      Mostrar que o Apocalipse revela e resume o propósito de Deus para todas as suas criaturas.
·      Ensinar que nesse propósito, a igreja de Cristo, ocupa uma posição especial.
·      Conduzir a igreja a corresponder em fidelidade e amor a sua posição em Cristo.

Textos de Referência: Ap 21.1-4; 9,10

Introdução: “E o que estava assentado sobre o Trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Deus e ele será o meu filho” (Ap 21.5-7).

A lição anterior terminou falando sobre os últimos movimentos de Satanás, quando então Satanás é definitivamente lançado no lago de fogo e de enxofre (ver Ap 20.8-10). Depois deste acontecimento, João vê um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11). Esta visão de João diz respeito ao juízo do trono branco, quando então todos aqueles que morreram perdidos comparecerão diante de Deus para serem definitivamente julgados segundo as suas obras. A terra e o céu que nesta visão fogem de diante dAquele que estava assentado sobre o trono por não se achar lugar para eles, reaparecem novamente em Ap 21.1 como “um novo céu e uma nova terra”, fato este que indica, que com o julgamento final, céu e terra terão um novo começo que adentra a eternidade. A expressão em Ap 21.5 quando então o que estava assentado sobre o trono diz “Eis que faço novas todas as coisas” não indica, portanto que Deus criará um novo céu e uma nova terra, mas sim que tendo todas as coisas referentes ao céu e a terra que agora existem passado, Deus fará tudo novo a partir do céu e da terra já existente. O juízo do trono branco tem esta conotação “branco”, já que a justiça é a base do julgamento que será efetuado e diante disto, nem a terra ou o céu poderiam subsistir. Além disto, é importante perceber que João não vê o Senhor Jesus neste momento assentado sobre o trono na figura de um “Cordeiro”. Tal fato deixa implícito que todas as oportunidades para salvação se findaram e sendo assim o juízo do trono branco não traz em si nenhuma conotação quanto a possibilidade de mudança de posição em relação ao destino eterno. Em Ap 20.12, João vê os mortos, grandes e pequenos diante do trono. Vários livros são abertos e os mortos são julgados segundo as suas obras. O livro da vida é aberto apenas para confirmar a ausência do nome dos mortos no mesmo. W. MacDonald (2003, p. 1016) escreve sobre isto:

“Vários livros são abertos. O Livro da Vida contém o nome de todos que foram remidos pelo sangue precioso de Cristo. Os outros livros contêm um registro detalhado das obras dos incrédulos. Nenhum dos presentes no julgamento encontra-se registrado no Livro da Vida. O fato de seu nome não estar nesse Livro os condena, mas o registro de suas obras malignas determina o grau do castigo”.

Em Ap 20.13,14, João escreve: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte”. Nestes versículos, o termo “a morte” refere-se aos corpos que pela morte são levados à algum lugar (sepultura, mar, etc...), já o termo “o inferno” refere-se à alma/espírito dos não salvos que por ocasião da morte é enviada para o Hades, para um lugar de tormento. A linguagem de Ap 20.11-15 indica, portanto que por ocasião do juízo do trono branco, todos aqueles cujos nomes não forem encontrados no livro da vida “ressuscitarão”, ou seja, a parte material e espiritual do homem serão novamente reunidas, porém para a segunda morte, para a separação eterna de Deus, sendo então corpo, alma e espírito definitivamente lançados no lago de fogo. W. Kelly escreve sobre isto (1989, p. 171):

“‘E foram julgados, cada um, segundo as suas obras’. ‘E, aquele que não foi achado escrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo’. Portanto, como dissemos, o livro da vida não aparece aberto aqui senão para mostrar que aqueles que são julgados, deles estão excluídos. Trata-se apenas de uma ressurreição de julgamento. Nenhum dos que se encontram diante do grande trono branco ali tem o seu nome inscrito. Além disso, a morte e o inferno, personificados como inimigos, chegam ao fim. ‘E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo’. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. Toda a ação do Senhor, tanto relativamente à alma como ao corpo, se encontra assim terminada. Toda a raça humana está agora no estado de ressurreição, ou para felicidade ou para desventura – e é para sempre”.

1. Novos céus e nova terra “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1). Estas palavras apontam para uma visão global da restauração de todas as coisas e incluem:

1.1 Um novo céu – Um novo céu implica a transformação dos céus atmosféricos e astronômicos, eles passarão com grande estrondo no diz do juízo. A Bíblia nos apresenta três céus. 1) O inferior (auronos) que é o visível, o céu das aves, das nuvens e dos relâmpagos e trovões; 2) O intermediário (mesoranios) que é o estelar; 3) O superior (esporanios) que é o terceiro (2 Co 12.2), lugar da habitação de Deus (Sl 123.1), o céu dos céus (Ne 9.6). A expressão “eis que faço novas todas as coisas” de Apocalipse 21.5, significa a restauração delas ao seu estado original. Deus criará um novo a partir do que existia (Is 65.17; 66.22). Assim como nosso corpo glorificado é a partir do nosso corpo, assim será o universo. O texto não fala de aniquilamento, mas renovação.

Conforme foi visto no comentário da introdução, o céu e a terra que de diante dAquele que estava assentado sobre o trono fugiram, reaparecem em Ap 21.1, como sendo “um novo céu e uma nova terra”. De fato, a Bíblia apresenta três céus, sendo o terceiro o lugar de habitação de Deus. Obviamente o novo céu de Ap 21.1 não é o terceiro céu, mas aquele equivalente ao espaço sideral onde foi permitido que Satanás e as hostes espirituais da maldade atuassem. Este terá passado por um processo de transformação, para desta forma adentrar a eternidade. Em 2 Pe 3.7,10-13, Pedro faz menção a este fato através das seguintes palavras: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios... Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”. Tais palavras não indicam que haverá o aniquilamento dos céus e terra agora existente, mas renovação conforme já considerado. O seguinte comentário feito por S. M. Horton (1995, p. 110) acerca de 2 Pe 3.10-13 é interessante de ser considerado para melhor esclarecimento quanto a esta questão:

“Afinal, haverá aniquilação ou renovação dos céus e da terra? A Bíblia fala de ‘montes eternos’ (Gn 49.26; Hc 3.6); ‘terra criada para sempre’, ‘montes que não se abalam’ (Sl 78.69; 104.5; 125.1,2), ‘a terra permanece para sempre’ (Ec 1.4). A palavra ‘derreter’ (em grego, luo) também é traduzida como ‘dissolver’. Significa muitas vezes livrar, afrouxar, desligar, libertar. A palavra ‘nova’, usada para descrever a nova terra, é igualmente utilizada para indicar a nossa nova natureza (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ef 4.24). E, como todos o sabemos, o novo nascimento não nos destrói a identidade como pessoa. ‘Passaram’ (Ap 21.1) é ainda usada para identificar a passagem de uma condição a outra. Ora, como o fogo é sempre tido na Bíblia como símbolo de limpeza, ou purificação, concluímos que os céus e a terra serão simplesmente renovados, feitos de novo, restaurados para um estado melhor”.
   
1.2 A restauração da raça humana – A natureza está escravizada pelo pecado (Rm 8.20,21). Ela está gemendo aguardando a redenção do seu cativeiro. Quando Cristo voltar a natureza será também redimida e teremos um universo completamente restaurado. A história humana será refeita, teremos um universo totalmente refeito. A lista do “não haverá” é tão linda quanto a lista do “haverá”. Observe: Não haverá lágrima, será um novo tempo, onde a tristeza será inexistente; não haverá morte. Deve ser muito boa a sensação de que nunca mais morreremos ou enfrentaremos hospitais e cemitérios; não haverá dor, será um novo mundo repleto de alegrias ao lado daquele que sempre desejamos ver face a face (Ap 21.3-5).

Em Ap 21.4, João mostra alguma situações que já não farão mais parte da história dos salvos na eternidade. Ele vê a Santa Cidade, a nova Jerusalém que de Deus descia do céu (ver Ap 21.2). Nesta Santa Cidade os salvos terão, por toda eternidade acesso à presença de Deus e daí João ouvir uma grande voz do céu que dizia: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). Esta linguagem indica a plena comunhão que haverá entre Deus e o seu povo, de forma que nenhuma dúvida haverá quanto ao estado eterno e daí “Deus limpar de seus olhos toda lágrima”. Não haverá também mais morte, pranto, clamor, dor o que indica que todos os efeitos provocados pelo pecado estarão para sempre eliminados no novo céu e na nova terra.

1.3 Não haverá mais nenhuma contaminação (Ap 21.1) – “E o mar não mais existirá” O mar aqui é símbolo daquilo que contamina (Is 57.20). Do mar emergiu a Besta [...]. No novo céu e na nova terra não haverá mais rebelião, contaminação ou pecado, tudo será novo.

Além de ser um símbolo daquilo que contamina, o mar é também símbolo de inquietação e turbulência. No novo céu e na nova terra toda inquietação política, econômica e religiosa das nações terá sido totalmente eliminada, e daí a linguagem quanto a inexistência do mar em Ap 21.1. T. LaHaye (2004, pp. 123,124) faz o seguinte comentário quanto a inexistência do “mar” no novo céu e na nova terra:

“...Na nova terra ‘o mar já não existe’ (Ap 21.1). O que significa isso? Por toda a Bíblia, o mar representa o potencial para o mal (Gn 1.6-10, 21; Dn 7.2,3; Ef 4.14; Ap 13.1; 17.15). Como assim? O mar, na tipologia bíblica, é uma figura de instabilidade perigosa porque não tem forma própria. A água assume o formato de seu recipiente e, assim, pode ser manipulada e influenciada de maneira negativa. Portanto, o mar é um símbolo da humanidade decaída, que está sem a Palavra de Deus e conseqüentemente está vulnerável às influências satânicas. O fato de que não haverá mar na nova terra, significa que não haverá mais potencial para o mal. E não haverá mais potencial para que alguém caia novamente em pecado, pois o mal foi para sempre removido da nova criação de Deus”.

2. A nova terra – O resgate do planeta ocorrerá entre a sexta e a sétima trombeta (lição 6); a purificação completa, no derramamento das sete taças, quando ervas daninhas, pragas, pestes, insetos noviços, enfermidade e toda sorte de males serão removidos (lição 9); mas a restauração ocorrerá durante o Milênio. “...águas arrebentarão no deserto, e ribeiros no ermo. E a terra seca se transformará em tanques, e a terra sedenta em mananciais de águas...” (Is 35.6,7). A terra se transformará em um paraíso. Bem regada, solo fértil e produtivo, onde brotarão as boas sementes que resistirem ao fogo purificador.

A lição 6 contemplou a passagem de Ap 10.1 a 11.14, uma passagem de natureza parentética entre a sexta e a sétima trombeta. Nesta passagem, João tem a visão de um “anjo forte” que descia do céu trazendo em sua mão um livrinho aberto. Conforme foi visto no estudo da lição 6, Aquele “outro Anjo” é o próprio Senhor Jesus que naquele momento, assevera seu direito de posse do planeta, o qual foi resgatado com seu próprio sangue na cruz do Calvário. Depois disto, ao toque da sétima trombeta descrito em Ap 11.15, é anunciado pelas vozes no céu a vinda do Reino Milenar de Jesus Cristo sobre a terra: “E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). O Reino Milenar de Jesus Cristo, porém só se torna visível na terra a partir de Ap 19.11, pois o mesmo é ainda precedido pelos três anos e meio finais da Grande Tribulação, quando então chega-se o tempo para a manifestação da ira de Deus. A manifestação da ira de Deus se dá através do derramamento das sete taças que atinge o solo, o mar, os rios, o sol, o ar, as criaturas viventes e os homens conforme já considerado nas lições 9 e 10 anteriores. Após o derramamento das sete taças, com a volta do Senhor Jesus, a terra entra no período do Reino Milenar, onde então todas as condições relativas ao meio ambiente serão favoráveis à vida humana. Dentre os benefício do Milênio para a humanidade podem ser listados:

1)      A paz será abundante (Is 54.13; Zc 14.9)
2)      Não haverá nenhuma guerra (Ez 39.9,10; Is 2.4; Mq 4.3,4; Is 19.21-25)
3)      Ninguém reclamará de injustiça por parte do Rei (Is 11.2)
4)      Haverá muita fertilidade no gênero humano (Zc 8.5; Jr 30.19; 33.22; Os 1.10; Is 60.22; 65.22)
5)      Todos terão um lugar onde morar (Is 65.21,22)
6)      Haverá longevidade e saúde para todos (Zc 8.4,5; Is 65.19,10,20,22)
7)      Não haverá instinto de ferocidade nos animais (Is 11.6-9; 35.9; 65.25; Ez 35.25)

 As condições vividas no Reino Milenar apontarão para as condições a serem vividas no novo céu e na nova terra. As condições no novo céu e na nova terra, porém serão ainda superiores às listadas, pois na eternidade já não haverá pecado e morte, e estes elementos, ainda que em menor proporção, estarão ainda presentes no Milênio. Ainda em relação ao novo céu e a nova terra, o comentário feito por T. LaHaye (2004, pp. 132,133) é interessante de ser considerado:

“Embora não tenhamos muitos detalhes sobre o novo céu e a nova terra, entendemos que este mundo será substituído por uma nova terra que mais se assemelha ao Jardim do Éden do que a qualquer coisa que conhecemos hoje”.    

2.1 As condições de vida humana na nova terra – Serão como eram antes do pecado. A árvore da vida que fora tirada do alcance do homem por causa da queda, estará outra vez disponível (Ap 22.2); a maldição do pecado humano será removida, pois Deus habitará com os homens outra vez (Ap 22.3); a água da vida será ministrada aos povos pela igreja (Ap 22.17). Mas haverá uma maravilhosa diferença; a população do planeta estará longe do alcance do vil tentador; pois ele terá sido lançado para sempre no lago de fogo.

Ap 22.1-3: “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que precedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da arvora são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”.

Conforme já considerado no ponto 2, a vida na nova terra mais se assemelha ao Jardim do Éden, do que a qualquer coisa hoje existente. No Jardim do Éden de Gênesis, Deus, porém permitiu a presença de Satanás, e desta forma o coração do homem foi posto a prova quanto a sua obediência a Deus. No Novo céu e na Nova terra nunca mais Satanás poderá tentar o homem, pois ele estará definitivamente no lago de fogo e de enxofre, e, além disto, todos os salvos já terão feito sua escolha quanto a obediência a Deus, não necessitando mais serem provados.

2.2 A nova Jerusalém “E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um alto monte e mostrou-me a grande cidade, a Santa Jerusalém que de Deus descia do céu. E as nações andarão à sua luz” (Ap 21.2,9,10,24a). Por esses versículos se pode afirmar que, a Nova Jerusalém não é o céu. Ela foi preparada por Deus e, é como o céu, morada de Deus. Ela desce do céu, adereçada e ataviada, para ser entregue ao Cordeiro. O trono de Deus e do Cordeiro estará nela (Ap 22.3), e até onde é possível a comparação, a Nova Jerusalém será a capital do universo. Dela emanará vida para todas as nações, pois do Trono jorrará o Rio da Vida (Ap 22.1) e à sua margem crescerá a Árvore da Vida.

2.3 A Nova Jerusalém é a igreja e sua habitação – Não há nenhuma dúvida de que a Nova Jerusalém fala ao mesmo tempo, da igreja e também da sua habitação, pois em Ap 21.1 ela é a Santa Cidade. Já em Apocalipse 21.9, ela é a esposa, a mulher do Cordeiro. A primeira referência aponta para a estrutura da cidade, a segunda, para os habitantes daquela estrutura. As pedras preciosas dos fundamentos são as perfeições de Cristo sobre as quais a igreja está edificada (1 Co 3.11) e as pedras preciosas do ornamento são os galardões da igreja pelo modo de viver e obras que provados no fogo, resistirem (1 Co 3.13,14). A Nova Jerusalém estará situada no espaço entre a terra e o céu. É possível que esse espaço seja sobre a Jerusalém terrena (Is 60.1,2; 21.24), onde a glória do Senhor nascerá sobre a Jerusalém terrena e será vista sobre ela. As nações andarão sob a luz da Santa Cidade (Ap 21.24), portanto, ela estará situada em algum lugar acima delas, porém próximo da terra o suficiente para que todos tenham acesso aos benefícios provenientes dela.

Em Ap 21.9-27, João descreve a visão que lhe é concedida acerca da Cidade Santa, cuja glória, conforme escreve D. Stamps (1995, p. 2011) “ultrapassa os limites da compreensão do entendimento humano”. Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas vem até João e lhe diz: “Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro” (Ap 21.9). Ele é levado em espírito a um grande e alto monte de onde então lhe é mostrado “a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu” (Ap 21.10b). João descreve a cidade como tendo a glória de Deus, sendo a sua luz “semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21.11b). Na seqüência, ele descreve suas muralhas, suas portas, suas fundações e a disposição da cidade. Assim, a cidade é descrita como possuindo um grande e alto muro com doze portas, linguagem esta que indica que o único meio de se adentrar para seu interior é por meio da graça de Deus concedida aos homens através de Jesus Cristo, Aquele que é a porta das ovelhas. Nas portas havia doze anjos e escrito sobre elas os nomes das doze tribos de Israel, a nação por meio de quem Jesus Cristo veio ao mundo, abrindo assim a porta da salvação a todas as nações. A presença dos doze anjos parece indicar que o livre arbitro foi dado tanto aos anjos quanto aos homens. Estarão com Deus, aqueles que escolheram estar com Ele, sejam anjos, ou sejam homens. O número doze indica a plenitude de salvação para todos que escolheram adentrar pela porta da vida. O muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Esta linguagem indica que estarão ali presentes aqueles que não adulteraram a Palavra de Deus, mas a viveram e pregaram tendo como base a doutrina dos apóstolos de Jesus Cristo (ver At 2.42). A cidade era quadrada, sendo igual em termos de comprimento, largura e altura, fato este que indica a sua perfeição. João descreve também as pedras preciosas presentes na constituição da cidade sendo estas as mesmas do peitoral do sumo sacerdote, jaspe, ouro, safira, calcedônia, esmeralda, sardônica, sárdio, crisólito, berilo, topázio, crisópraso, jacinto e ametista, as quais têm como propósito indicar a pureza e perfeição do Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo (ver Ap 21.18-21). No versículo 22, João diz não ver nela templo “porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro” e no versículo 23, ele diz que a cidade não necessita de sol, nem de lua, porque a glória de Deus é que a alumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada. W. Kelly (1989, p. 12) faz o seguinte comentário sobre Ap 21.22,23:

“Mais adiante é-nos apresentado pelo vidente um ponto da mais alta importância: ‘E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro’. Não é uma lacuna. Pelo contrário, é a prova da comunhão mais imediata com Deus. Um templo suporia um intermédio; a ausência de templo, é pois, um ganho e não uma perda para a cidade. É o que estabelece a grande diferença entre Jerusalém terrestre e a cidade celeste. Com efeito, se há, na descrição de Ezequiel, uma coisa mais notável que outra, é o Templo. Compreende-se: Um templo convém à terra, mas aqui não há nenhum! O Senhor Deus é o Templo, e o Cordeiro! ‘E a cidade não necessita de sol nem de lua, para lhe darem claridade’. Também não devemos ver isso como uma perda. Para a cidade e para o país sobre a terra, a luz da lua será como a do sol, e a luz do sol será sete vezes maior (Is 30.26), mas aqui não nenhum desses luminares. As luzes criadas já não são para a cidade do Alto, ‘porque a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada’. Que ganho imenso!

Em Ap 21.24-26 João escreve: “E as nações, andarão à sua luz, e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra. E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite. E a ela trarão a glória e honra das nações”. Conforme pode-se perceber, estes textos indicam a existência de nações sobre a nova terra, sendo que estas poderão entrar e sair livremente da Cidade Santa trazendo a ela as suas homenagens. No versículo 27, João mostra a impossibilidade de haver qualquer coisa que contamine a Cidade Santa, pois “não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21.27). Depois da visão da Cidade Santa no que se refere a seu exterior, João tem uma visão quanto ao seu interior. Assim, conforme descrito em Ap 22.1,2, João vê um rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro, e ele vê ainda, no meio da sua praça, e de uma e da outra banda do rio a árvore da vida, produzindo doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, sendo as suas folhas para a saúde das nações. A visão de João mostra, portanto que todas as necessidades para o sustento da vida humana serão providas por Deus na nova terra, a partir da nova Jerusalém. No versículo 3, João mostra a vida no novo céu e na nova terra livre de qualquer maldição, o que indica a ausência total de pecado. Ele vê também na Cidade Santa, o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos que o servirão, e estando estes para sempre livres do pecado “verão o seu rosto, e na sua testa estará o seu nome” (Ap 22.4). João finaliza esta seção mostrando a total ausência de trevas sobre a Cidade Santa “porque o Senhor Deus os alumia, e reinarão para todo o sempre” (Ap 22.5b). O texto de Ap 22.3-5 pode ser apresentado segundo as seguintes palavras descritas por A. T. Pierson, conforme escreve W. MacDonald (2003, p. 1018):

“Nunca mais haverá qualquer maldição: Impecabilidade perfeita. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro: Governo perfeito. Os seus servos o servirão: Serviço perfeito. Contemplarão a sua face: Comunhão perfeita. E na sua fronte está o nome dele: Semelhança perfeita. Então, já não haverá noite: Bem aventurança perfeita. E reinarão pelos séculos dos séculos: Glória perfeita”.  

3. Os herdeiros de todas as coisas – Não temos como listar “todas as coisas” que os vencedores herdarão (Ap 21.7). Elas estão muito além daquilo que nossos olhos viram e que nossos ouvidos ouviram, e que nossos corações desejaram (1 Co 2.9). Por isso, este tópico enumerará apenas alguns herdeiros principais que aparecem com clareza nas profecias e a parte da herança mais nítida na revelação.

Em Ap 21.6,7 dirigindo-se a João, o Senhor traz a seguinte palavra: “Está cumprido; Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus e ele será meu filho” (Ap 20.6). Tais palavras mostram Aquele que é o Princípio e o Fim de todas as coisas como sendo Aquele que abençoa o vencedor com sua herança completa, sendo esta resultante de um relacionamento entre Pai e filho. Dando continuidade, em Ap 21.8a, o Senhor fala daqueles que estarão de fora, sendo estes os tímidos (aqueles que se acovardam de confessarem Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas), os incrédulos, os abomináveis, os homicidas, os fornicadores, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos. A seqüência destes versículos mostra a contraposição entre os vencedores e aqueles que insistem em permanecer em seus pecados. Enquanto os vencedores, aqueles que vencem a incredulidade, as atitudes abomináveis diante de Deus, o ódio, a prostituição, as práticas religiosas contrárias à palavra de Deus, a mentira etc... receberão “uma herança incorruptível, incontaminável e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós” (1 Pe 1.4), os demais terão a sua parte “no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap 21.8b).

3.1 Os heróis da fé – Engloba todos os seres humanos, desde Adão até a primeira vinda de Cristo que, por fé, creram na justiça divina e receberam as provisões de Deus para resgatá-los dos efeitos do pecado (Gn 15.6; Hb 11.7). Os heróis da fé são todos os que permaneceram firmes nas promessas divinas de redenção e de uma pátria celestial, e morreram sem tê-las recebido (Hb 11.13,14). Estes, juntos com a igreja (Hb 11.40), herdarão a Santa Cidade que de Deus descerá do céu (Hb 11.16). Todavia, os herdeiros de Deus, a igreja é a mais privilegiada (Ap 21.24-26; 22.5b).

Hb 11.13-16: “Todos estes morreram na fé, sem, terem recebido as promessas, mas vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”.

A Bíblia mostra a fé em Jesus Cristo como o único meio de salvação. No Antigo Testamento, foram salvos aqueles que pela fé, creram no caráter justo de Deus e na futura vinda do Redentor da humanidade. No Novo Testamento, são salvos, aqueles que crêem que sua vinda já se cumpriu, tendo Ele então entregado sua vida na cruz do Calvário no lugar de cada pecador. O fator comum entre os salvos do Antigo Testamento e os salvos do Novo Testamento, inclusive os do período da Tribulação/Grande Tribulação é, portanto, a fé em Deus e em seu Filho Jesus Cristo, e pela fé nEle, todos são herdeiros de Deus, co-herdeiros com Jesus Cristo.

Rm 8.17, 18: “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”.

Ef 3.4-6: “Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”.

3.2 Israel e as nações – Os pactos e as profecias que garantem um reino terrestre eterno a Israel e um trono perpétuo à casa de Davi serão integralmente cumpridos na restauração de todas as coisas (Is 66.22; 1 Rs 2.45). As demais nações, aquelas que não seguiram o dragão no fim do Milênio, habitarão seguras na terra e terão acesso à vida eterna bebendo da água da vida que brota do trono de Deus e do Cordeiro e usando como remédio as folhas da árvore da vida (Ap 22.2,17).

Conforme foi visto na lição anterior, depois de um período de mil anos preso, Satanás será solto de sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, para as ajuntar em batalha. Satanás tentará cercar o arraial dos santos e a cidade amada (ver Ap 20.7-9). Estes santos serão aqueles que terão no período do Reino Milenar se convertido a Jesus; eles resistirão a Satanás que será definitivamente lançado no lago de fogo e enxofre (ver Ap 20.10). Os santos do Milênio, provavelmente serão os habitantes da nova terra. A menção da cidade amada em Ap 20.9, provavelmente é uma referência a Jerusalém, a capital do Reino Milenar de Jesus na terra. Assim, percebe-se que a nação de Israel, e as demais nações estarão presentes quando então o novo céu e a nova terra de Ap 21.1 adentrarem a eternidade, tendo estas nações acesso a água da vida procedente do trono de Deus e do Cordeiro e à árvore da vida existente no meio da praça da Nova Jerusalém, a Santa Cidade de Ap 21.2 (ver Ap 22.1,2).

3.3 Os pactos de Deus com Israel – Os pactos de Deus com a nação israelita projetam a existência desse povo para muito além do Milênio e chegam a eternidade. Como os pactos deles são eternos, esse povo como uma nação deve herdar e habitar a nova terra. Confira na Escritura: Is 65.17,18; 66.22. Partindo destas referências você encontrará muitas outras que sustentam claramente a perpetuidade de Israel na terra.

Is 65.17,18: “Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultaréis perpetuamenteno que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, gozo”

Is 66.22: “Porque, como os céus novos e a terra nova que hei de fazer estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”

Referências Bibliográficas:
T. LaHaye, Glorioso Retorno, 2004, Abba Press Editora Ltda, São Paulo, SP.
S. M. Horton, 1 e 2 Pedro, 1995, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. Kelly, Estudos Sobre a Palavra de Deus – O Apocalipse, 1989, Depósito de Literatura Cristã, Lisboa, Portugal.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular, 2008, Mundo Cristão, São Paulo, SP.

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