sexta-feira, 31 de agosto de 2012

LIÇÃO 10 - RENÚNCIA: O SEGREDO PARA FRUTIFICAR

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Jesus Cristo – O Mestre da Evangelização
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo” (Jo 14.27).

Verdade Aplicada: A resignação é o preço para o sucesso do discipulado, sem este preço não somos discípulos e muito menos multiplicadores.

Objetivos da Lição:

·       Apresentar Jesus como o exemplo máximo de resignação.
·       Demonstrar que os princípios apresentados por Jesus precisam ser postos em prática.
·       Mostrar o privilégio e a alegria de evangelizar a humanidade.

Textos de Referência: Jo 12.20-26

Introdução: O mestre de Nazaré é o nosso exemplo máximo de resignação, que desceu de sua glória, fazendo-se carne para realizar a obra salvadora profetizada há muitos séculos antes dEle. Todos os princípios por Ele esposados são normativos para um trabalho evangelístico de sucesso hoje. Precisamos conhecê-los e pô-los em prática.

Segundo o dicionário da língua portuguesa um dos significados da palavra resignação é “submissão à vontade de alguém”. Jesus é o exemplo máximo de resignação, já que Ele submeteu-se totalmente à vontade do Pai Celestial a fim de consumar a obra de salvação na cruz do Calvário em favor de todos os homens.

Sl 40.6-8: “Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração”. 

Mt 26.39-44: “E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados. E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras”.

1. O preço do discipulado – Morte não é para muitos um assunto agradável para se falar, ler ou escrever. A morte, no entanto, é algo comum, embora nunca nos acostumemos com ela. Na verdade, a morte é um elemento natural e indispensável à natureza. Ao olharmos para ela, na natureza ela não nos incomoda, mas a nós como indivíduos sim por que somos indivíduos que, apesar de sofridos, gostamos de viver. Mas Jesus nos convida a tomarmos a nossa cruz a cada dia, isso tem um sentido profundo que estudaremos a seguir.

Quando Deus criou o homem, Ele colocou no meio do jardim do Éden a árvore da vida para que desta o homem se alimentasse e vivesse perpetuamente (ver Gn 2.9; 3.22). A árvore da ciência do bem e do mal, no entanto também estava no jardim e dela, se o homem se alimentasse, ele experimentaria não somente a morte espiritual, mas também a morte física (ver Gn 2.17). O homem não foi feito, por conseguinte para morrer e daí a morte, apesar de um elemento natural e indispensável à natureza, trazer tanto incômodo aos indivíduos. A Bíblia mostra, portanto, a morte como resultado do pecado, e apesar da vida eterna ser garantida a todos que crêem em Jesus Cristo, a sua possessão não cancela a morte física e sendo assim, a morte é uma realidade a ser enfrentada por todos os homens, a não ser para aqueles que foram trasladados para o céu e para aqueles que não a experimentarão por ocasião do arrebatamento da igreja.

Gn 2.7-9: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal”.

Gn 2.15-17: “E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.

Gn 3.22-24: “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente o Senhor Deus, pois o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra, de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida”.

Hb 9.27: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”.

Rm 5.12: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”.

1.1 Morte do grão de trigo – Quando Jesus disse, “se o grão de tribo, caindo na terra não morrer...”, Ele estava falando profeticamente da sua própria morte que experimentaria, mas está implícito aí da resignação que o Filho de Deus teve a cada dia da sua vida. Jesus abriu mão da sua glória, nasceu numa família pobre, viveu uma vida comum inicialmente, e passou pelas coisas ou sofrimentos que um homem comum sofre. Tamanha foi a sua auto-humilhação! Uma escolha deliberada dele mesmo, altruísta que visava gerar muitíssimos frutos eternos. Como Ele fez, Ele exige que façamos também, ou seja, que tenhamos um caráter transformado que dê prazer a Deus, e que atraia os homens à comunhão com Cristo.

·      Abriu mão de sua glória: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8).

·      Nasceu numa família pobre: “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis” (2 Co 8.9).

·      Viveu uma vida comum: “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu coração todas estas coisas. E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.51,52); “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Mc 6.3).

·      Passou pelas coisas ou sofrimentos que um homem comum sofre: “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2.14,18).

1.2 Morte, perdas ou esvaziamento – Pensemos um pouco na espiga de trigo, tão bonita, robusta, dourada e cheia de glória, dançando sob o espectro do vento como ondas douradas. Todos a admiram, e muitos há que ornamentam suas casas com lindas espigas de trigo, tamanha é a sua beleza. O curioso é que no mundo não há cereal mais cultivado do que o trigo. Todavia, é necessária a morte dele para si mesmo como grão, a fim de perpetuar a própria espécie. A morte para si mesmo implica em perdas dessa beleza e glória que representam a vaidade humana. Há, portanto, no trigo um esvaziamento de si mesmo, lembremo-nos da expressão de João, que demonstra isso, “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14); e de Paulo que disse, “antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo” (Fp 2.7). Assim como Jesus esvaziou-se de si mesmo, de igual modo, devemos fazer para sermos discípulos autênticos.

Jo 12.24: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.

O capítulo 12 do evangelho de João traz o relato quanto ao retorno de Jesus a Jerusalém seis dias antes da Páscoa quando então ocorreria a sua morte na cruz do Calvário depois dEle ser condenado em Jerusalém. Por esta ocasião havia acontecido a ressurreição de Lázaro o que levou muitos dos judeus a crerem em Jesus dirigindo-se assim ao seu encontro. Em Jerusalém, havia também gregos que tinham subido à festa. Dentre estes alguns desejam ver Jesus e estes manifestam seu desejo a Filipe. Filipe e André comunicam tal fato a Jesus, o que o leva a se pronunciar através das seguintes palavras: “É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado” (Jo 12.23). As palavras de Jesus ligadas ao desejo dos gregos de o verem mostram que o tempo da salvação de todos os povos por meio do sacrifício de Jesus era chegado. É neste contexto que Jesus fala de sua morte e de sua ressurreição, fazendo uma analogia ao grão de trigo que caindo na terra morre, para produzir então muito fruto. A morte e ressurreição de Jesus produziria frutos para Deus não somente dentre os judeus, mas também dentre os gentios, e neste caso, a aproximação dos gregos era um sinal quanto a este fato que já havia sido profetizado no Antigo Testamento, por exemplo em Is 66.1: “Fui buscado dos que não perguntavam por mim, fui achado daqueles que não me buscavam; a uma nação que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. Eis-me aqui”. Nos versículos seguintes, Jesus fala do preço do discipulado (ver Jo 12.25,26), mostrando que aqueles que nEle crê devem imitar o seu modo de viver morrendo para o mundo, para si mesmo e para o pecado, pois é desta forma que a vida de cada um será guardada para a vida eterna e que o mesmo será honrado pelo Pai Celestial o que conduzirá, por conseguinte, a produção de muito fruto.

Jo 12.25,26: “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará”.

Mc 8.35: “Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará”.

1.3 Com a morte, a nova vida – Quando cremos em Jesus de todo o nosso coração e entregamos a nossa vida a Ele, espiritualmente morremos e fomos com Ele sepultados para que o domínio do pecado seja desfeito (Rm 6.4). Então nascemos de novo, começamos uma nova vida agora ressuscitados com Cristo. Se morrermos com Cristo, morremos para as coisas da vida e ressuscitamos a fim de vivermos para Deus, pensando nas coisas que são do alto onde Cristo está assentado à direita de Deus Pai (Cl 3.1). Note que tal ensino se encontra, não apenas nos escritos de João, mas está fartamente exemplificado nas cartas paulinas. Logo está evidente que para viver para Deus, necessário é que morramos primeiro. Então a nova vida procede desta morte para nós mesmos, morte com Cristo.

Rm 6.3-6: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado”.

Rm 6.11-13: “Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça”.

Cl 3.1-3: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.

2. As condições para frutificação A genuína vida cristã é para ser expressada de uma única maneira, imitando a Jesus Cristo, sendo como Ele foi e fazendo o que Ele fez. Não se trata de algo sem graça, sem vida e nenhum pouco atraente. Sabemos que as pessoas tem temperamentos e personalidades diversos, o que torna muito interessante como Cristo é manifesto através dos membros pertencentes ao seu corpo. Mas para que estes discípulos tenham condições de frutificarem, ou seja, tornarem-se discípulos multiplicadores é necessário alguns requisitos.

1 Co 11.1: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo”.

Ef 5.1,2: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave”.

1 Ts 1.6: “E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo”.

Hb 6.12: “Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas”.

Hb 13.7: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver”.

2.1 A boa semente – Jesus é o Verbo divino, é a boa semente concedida por Deus para a nossa frutificação, isto significa que sem Ele e a sua Palavra, frutificar para Deus seria impossível. Temos de nos relacionar com esta Palavra continuamente das seguintes maneiras: Lendo, praticando e meditando de dia e de noite nela (Sl 1.2). Apenas aqueles que levam essa prática a efeito, é que conseguirão ter uma vida cristã que agrada a Deus e satisfatória para si mesmo. Quando morrermos é que vivemos, e quando vivemos em novidade de vida é que podemos nos reproduzir em outras pessoas através do discipulado (Jo 12.24). Nos tornamos assim como Jesus a expressão viva, capaz de gerar pela graça de Deus vida em outros. Amém.

A semente é o organismo presente nas diversas espécies de vegetais que permitem a espécie perpetuar-se. Diversas parábolas de Jesus trazem a idéia da semente como unidade de reprodução da vida vegetal. Na parábola do semeador, por exemplo, a semente é interpretada como sendo a Palavra de Deus “Esta é, pois, a parábola: A semente é a palavra de Deus” (Lc 8.11); na parábola do trigo e do joio “a boa semente” é interpretada como sendo os filhos do Reino “E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem; o campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno” (Mt 13.37,38); na parábola do grão de mostarda a semente representa o Reino do céu “Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo” (Mt 13.31,32). Além da semente como unidade de reprodução da vida vegetal, a descendência da espécie humana também é reputada na Bíblia como “semente”. Desta maneira, Jesus é a semente de Israel (ver Sl 89.4; At 2.29,30), o qual foi concedido por Deus, para que através de seus discípulos, sua vida e seus ensinos se perpetuem entre todos os povos (ver Jo 15.1-5).

Sl 89.4: “Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo Davi, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração”.

At 2.29,30: “Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono”.

Jo 15.1-5: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.

2.2 Boa terra – Os nossos corações representam a terra em que a semente, a Palavra de Deus, é depositada (Mt 13.18-23). Para que se torne uma boa terra, se faz necessário trabalhar duro; observemos como trabalha o agricultor para que tenha bom lucro no seu trabalho. Ele a limpa, arranca os tocos, ara a terra e em seguida a aduba. Nos dias de Jesus esse esforço era feito de maneira braçal e com a ajuda do gado, portanto, era um esforço enorme!

Conscientes disso pelo Espírito Santo devemos:

·      Preparar a nossa mente: “Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5).

·      O nosso coração: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14).

·      E vontade para Deus removendo os pensamentos e quadros mentais impuros através de uma entrega constante deles a Cristo: “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana” (Sl 143.10).

Isso requer uma vigilância constante com aquilo que permitimos nos influenciar:

·      Seja pelas conversas que temos: “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2).

·      Pelos programas que assistimos: “Não porei coisa diante dos meus olhos. Odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim” (Sl 101.3).

·      Ou mesmo as más recordações que nutrimos: “Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus(Fp 3.13,14).

2.3 Uma parceria com Deus – No que diz respeito a frutificação para Deus devemos entender que primeiro tudo principia em Deus e tem a glória dele mesmo como objetivo fundamental. Não quer dizer que perdemos a capacidade de deliberar parcial ou plenamente, mas frutificar trata-se de um esforço combinado. Paulo diz que devemos ser operosos e que na verdade, é Deus que opera tanto o desejar quanto efetuar segundo a sua boa vontade (Fp 2.13; Is 14.24). Assim devemos nos empenhar na obra de Deus sabendo que é Ele quem realiza todas as coisas a seu tempo, através de nós.

Is 14.24: “O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará”.

Is 55.10.11: “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”.

Fp 2.13: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”.

3. Os muitos frutos – Não preciso ser muito inteligente para entender que numa lavoura nada acontece por acaso. Como vimos acima a frutificação é resultado de um esforço combinado entre Deus que dá a semente, o lavrador (evangelizador) que prepara a terra e a boa semente, etc... Devemos observar que esse processo leva tempo, porém os resultados de uma boa colheita seja para o fazendeiro ou o agricultor celestial concedem um prazer indivisível.

Sl 126.6: “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos”.

Ec 3.1,2: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou”.

Jo 15.8: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”.

3.1 São resultados de intenso trabalho – Uma vez que se há terra para plantar, e esse espaço físico de plantio da evangelização pode ser determinado estrategicamente de acordo com a dimensão. Lembremo-nos de Paulo, que disse acerca da obra missionária e evangelizadora em Corinto, “eu plantei (o evangelho), Apolo regou, mas Deus deu o crescimento” (1 Co 3.6). Embora o trabalho seja penoso tanto do que planta quanto do que rega, a verdade é que Deus dá o crescimento, porém cada um receberá o seu galardão de acordo com o que trabalhou. O trabalho é intenso, silencioso, exige paciência, mas teremos galardão apropriado (1 Co 3.8,14).

Pv 11.18: “O ímpio faz obra falsa, mas para o que semeia justiça haverá galardão fiel”.

Is 40.10: “Eis que o Senhor Deus virá com poder e seu braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e o seu salário diante da sua face”.

Jo 4.36: “E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem”.

1 Co 3.4,8: “Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão”.

Cl 3.23,24: “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis”.

Ap 22.12: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”.

3.2 Levam tempo para colher – O trabalho da lavoura requer paciência a fim de dar frutos viçosos, pois tudo é ao seu tempo. Ao nos lançarmos no trabalho do Senhor, não devemos estar ansiosos por frutos rápidos, e sim por frutos de grande qualidade. Não devemos permitir que as pressões do momento nos afetem a ponto de querermos forçar um amadurecimento, por que isto não funciona. Frutos de elevada qualidade se manifestarão a seu tempo determinado, tempo esse que não podemos adiantar, se o fizermos, será para prejuízo nosso e da obra de Deus. O lavrador espiritual deve ser um homem, que demonstra grande paciência e esperança depois que tem plantado e regado.

Em 1 Co 3.9, Paulo compara a igreja a uma lavoura: “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus”. Conforme escreve o comentarista o trabalho da lavoura requer paciência e também ordem e no caso da igreja dependência de Deus é o que Paulo mostra em 1 Co 3.6: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”. Muitos hoje não têm paciência não apenas para esperar o amadurecimento do fruto, mas também para ver os frutos se mostrarem. Por esta causa, métodos antibíblicos têm sido utilizados como meio de evangelização. Isto se chama pragmatismo onde a idéia presente é a de que os fins justificam os meios. O que se observa, no entanto é um grande prejuízo para a obra de Deus, pois a qualidade espiritual dos crentes tem sido comprometida, havendo apenas inchaço nas igrejas e em muitas delas práticas que mais se aproximam da idolatria, do misticismo, da numerologia e da feitiçaria do que do evangelho de Jesus Cristo. Atos 2.43-47 mostra que a frutificação e o crescimento saudável de uma igreja ocorre quando esta cresce primeiro no sentido vertical, ou seja, para com Deus. Para isto, a igreja deve investir no ensino da Palavra de Deus de acordo com a doutrina dos apóstolos, na comunhão, na observância quanto aos princípios relacionados à participação na ceia do Senhor, nas orações, na busca do poder de Deus, na obra social, na reverência, no temor que é devido ao Senhor, no genuíno louvor e no anúncio da graça de Deus, pois é desta forma que a igreja poderá experimentar também o crescimento no sentido horizontal, já que conforme At 2.47 diz: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.

3.3 Plantemos boas sementes – Quando plantamos as sementes em boa terra, elas retornam a nós de forma multiplicada. O Senhor Jesus disse, “a cem, a sessenta e a trinta por um” (Mt 13.8), por exemplo, lembremos de André, que trouxe Natanael, da mulher samaritana, que trouxe os homens da cidade, de Lázaro, que muitos creram através do seu testemunho espetacular de ressurreição. E por que não dizer também de Pedro, no dia de Pentecostes e do diácono Felipe em Samaria e de Paulo em tantos lugares, etc... Não podemos nos acomodar em não ganhar almas para Cristo. Consideremos mortos e inúteis para Deus se isso estiver acontecendo em nossa vida cristã.

Pv 11.30: “O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio”.

Ec 11.1: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás”.

Ec 11.6: “Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas”.

Lc 17.10: “Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

LIÇÃO 8 - AS PERSEGUIÇÕES NO MINISTÉRIO DE JESUS

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Jesus Cristo – O Mestre da Evangelização
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38).

Verdade Aplicada: Perseverar na perseguição é uma bênção espiritual, e um sinal de maturidade cristã.

Objetivos da Lição:

·      Mostrar que o ministério cristão deve ser realizado a partir do exemplo de Jesus.
·      Entender como Jesus agiu na perseguição, cumprindo seu ministério.
·      Mostrar que, pregando em momentos difíceis, poderemos também pregar em qualquer época.

Textos de Referência: Jo 7.1-5

Introdução: Na lição anterior, vimos Jesus deixar a Judéia e retornar para Cafarnaum, onde estava residindo com seus familiares. A perseguição ao seu trabalho na Judéia tornara-se tão ameaçador que resolveu ficar por algum tempo ali. Até que em momento oportuno, viesse a se manifestar e trazer a sua mensagem impactante aos sedentos de Deus. Com Ele aprenderemos como desempenhar o ministério em meio à perseguição.

O evangelho de João relata muitos fatos do ministério de Jesus na Judéia e em Jerusalém que não se acham nos sinóticos. Por exemplo, João apresenta o ministério inicial de Jesus na Judéia quando então Ele purifica, pela primeira vez, o Templo (ver Jo 2.13-24). Depois deste acontecimento, Jesus permanece ainda durante um tempo em Jerusalém e região da Judéia, porém em virtude da questão que houve entre os discípulos de João e um judeu, e posteriormente envolvendo também os fariseus (ver Jo 3.22-4.3), Jesus deixa a Judéia partindo para a Galiléia onde então Ele se estabelece na cidade de Cafarnaum na casa de Pedro (ver Mt 4.12,13; 8.14). Estando residindo na Galiléia, Jesus visita Jerusalém especialmente nas ocasiões relacionadas às festas judaicas. É neste contexto que João relata então a cura do paralítico do tanque de Betesda e a resposta de Jesus aos judeus que por esta ocasião intentam mata-lo (ver Jo 5.1-47). Depois deste acontecimento em Jerusalém, João relata a primeira multiplicação dos pães e dos peixes, fato este que ocorre estando Jesus novamente na região da Galilléia (ver Jo 6.1-15). Na sinagoga de Cafarnaum, tendo em vista o fato de que a multidão quisera arrebatar Jesus para fazê-lo Rei em virtude da multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus faz um longo discurso sobre o verdadeiro pão do céu e sua missão de fazer a vontade do Pai Celestial (ver Jo 6.22-59). O discurso de Jesus provoca a dissensão de muitos discípulos, porém Jesus mantém-se firme em suas convicções e em sua missão de fazer a vontade do Pai Celestial (ver Jo 6.60-71). Jesus permanece ainda na Galiléia mantendo-se afastado da Judéia já que sua última visita a Jerusalém provocara nos judeus a intenção de matá-lo. De forma prudente, no entanto, Jesus visitaria novamente Jerusalém, por ocasião da Festa dos Tabernáculos, onde então Ele traria respostas e revelações aos anseios acerca de sua Pessoa apresentados pelo povo por ocasião daquela festa.

1. Seu ministério em meio à perseguição – Quando João escreveu o seu Evangelho por volta de 90 a 100 d.C., segundo estudiosos, havia uma expectativa de perseguição generalizada. Paulo advertia a Timóteo que em virtude do mesmo sentimento pregasse a tempo e fora de tempo (2 Tm 4.2). Pedro dirigia os seus ensinos aos irmãos que sofriam perseguição e os instruíam como deveriam enfrentar esse desafio. Os tempos eram difíceis, como o de hoje em muitos aspectos e atualmente há muitos lugares em que a intolerância ao cristianismo impera, não sendo permitido evangelizar de modo direto. Antevendo, quem sabe, tempos mais difíceis ainda, devemos nos preparar.

Segundo escreve W. MacDonald (2008, p. 234), Irineu afirma categoricamente que João escreveu o Evangelho em Éfeso, e se ele estiver certo, este poderia ter sido então escrito por volta de 69 ou 70 d.C. quando o apóstolo chegou a Éfeso. O argumento em relação a esta data encontra-se no fato de João não mencionar a destruição de Jerusalém, sendo possível, portanto que este fato ainda não tivesse acontecido, o que indicaria uma data anterior a este evento. Os argumentos para uma data posterior, no fim do século I, no entanto são bem fortes. A maioria dos estudiosos concorda com Irineu, Clemente de Alexandria e Jerônimo que João foi o último dos quatro evangelhos a ser escrito. O fato de João não mencionar a destruição de Jerusalém pode explicar-se por ter sido escrito quinze a vinte anos depois, quando o impacto desse acontecimento já teria diminuído. Irineu escreve que João viveu até o reinado do imperador Trajano (iniciado em 98 d.C.), e uma data não muito antes desse reinado é provável para a escrita do quarto evangelho. As referências aos “judeus” no evangelho de João é também um indicativo para um período posterior quando a oposição judaica a fé cristã se converteu em perseguição, e diante disto, pode-se dizer que João, assim como Marcos na escrita de seu evangelho, e Pedro na escrita de sua primeira carta, escreve seu evangelho com o intuito de fortalecer os alicerces da fé cristã, inspirando os crentes a sofrer fielmente em prol do evangelho, tendo estes como modelo a vida, o sofrimento, o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.

Mt 5.10: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.

Mc 10.29,30: “E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna”.

2 Tm 3.12: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”.

1.1 A malícia dos parentes (Jo 7.1,3,4) – O contexto era de perseguição a Jesus por causa de seu ministério profético, Ele voltara da Judéia e andava apenas nas regiões da Galiléia. Estava próxima a festa dos Tabernáculos, feita em cabanas improvisadas onde as pessoas dormiam para se relembrar dos dias que Israel esteve no deserto. Tal evento ocorria mais ou menos na primeira semana de outubro e era uma festa muito alegre. Os irmãos de Jesus sabiam do que Ele estava passando, a sua fama abateu negativamente sobre a sua família. Afinal ter um irmão que pregava ser o Messias, era uma tremenda insanidade mental, para eles era melhor que Ele morresse, por isso maliciosamente incentivam que Ele retornasse para a Judéia.

Jo 7.1-6: “E depois disto Jesus andava pela Galiléia, e já não queria andar pela Judéia, pois os judeus procuravam matá-lo. E estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos. Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele. Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto”.

Conforme foi visto anteriormente, depois da cura do paralítico do tanque de Betesda e do discurso de Jesus proferido perante os judeus acerca de sua Pessoa, Jesus retorna para a Galiléia onde então Ele permanece por um tempo devido a intenção dos judeus em matá-lo. Na Galiléia, por ocasião da aproximação da Festa dos Tabernáculos, os irmãos de Jesus sugerem que Ele subisse a Jerusalém com o propósito de manifestar-se publicamente, ganhando desta forma fama e notoriedade na capital de Israel onde estavam os governantes e doutores da lei. A Bíblia se refere a quatro irmãos de Jesus, sendo estes Tiago, José, Simão e Judas (ver Mt 13.55). Em Mc 3.21, Marcos relata a saída dos parentes de Jesus para prendê-lo por considerarem que Ele estava fora de si. Assim parece evidente que nem mesmo os irmãos de Jesus criam que Jesus era o Messias, sendo isto confirmado por João em Jo 7.5, o que indica certa ironia em sua sugestão feita a Jesus por ocasião da proximidade da Festa dos Tabernáculos. Jesus exorta seus irmãos mostrando-lhes não ser chegado ainda o seu tempo, apesar de para eles o tempo sempre estar pronto. As palavras de Jesus dirigidas a seus irmãos mostram a contradição entre Ele e seus familiares já que sua vida era dirigida pela vontade de Deus, enquanto que a vida de seus irmãos era dirigida por seus próprios interesses. W. MacDonald (2008, p. 273) escreve sobre isto:

A vida do Senhor estava determinada do princípio até o fim. Cada dia e cada movimento estavam de acordo com o cronograma preestabelecido. O tempo oportuno para se manifestar abertamente ao mundo ainda não havia chegado. Ele sabia exatamente o que estava adiante dele, e não era a vontade de Deus que Ele fosse a Jerusalém nesse momento para fazer uma apresentação pública de si mesmo. Mas Ele fez seus irmãos lembrarem que o tempo deles era sempre presente ou oportuno. A vida deles era vivida de acordo com seus desejos e não em obediência à vontade de Deus. Poderiam traçar seus planos e viajar como bem queriam, pois só estavam concentrados em fazer a própria vontade”.

A mudança no comportamento dos irmãos de Jesus após eles se converterem pode ser vista na carta de Tiago, irmão do Senhor, quando então ele se dirige a seus leitores trazendo a seguinte recomendação acerca da questão do tempo oportuno:

Tg 4.13-16: “Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna”.

1.2 A controvérsia entre o povo (Jo 7.12) – Em Jerusalém, por ocasião da festa, Jesus subiu secretamente e ali permaneceu. Havia entre o povo comum, que ali estava para a festividade, um murmúrio entre as pessoas, pequenos debates discretos aconteciam em torno da pessoa de Jesus. Esse era o assunto do momento, será que Ele é bom ou engana o povo como outros faziam? A verdade é que o povo estava dividido, mas não paravam de comentar, alguns diziam, “Ele é bom”. Mas para outros, “Ele engana o povo”. O povo falava entre murmúrios com medo de represálias. Logo, nem mesmo entre o povo nessa ocasião havia um pensamento único e isso de certa forma mostrava o seu impacto, mas não total.

Jo 7.9-13: “Subi vós a esta festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda o meu tempo não está cumprido. E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia. Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não manifestamente, mas como em oculto. Ora, os judeus procuravam-no na festa, e diziam: Onde está ele? E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo. Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus”.

Dt 16.16: “Três vezes no ano todo o homem entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher, na festa dos pães ázimos, e na festa das semanas, e na festa dos tabernáculos; porém não aparecerá vazio perante o Senhor”.

Depois da subida dos irmãos de Jesus à festa, Jesus também subiu a Jerusalém, porém em oculto. Como um judeu, segundo a lei do Senhor (ver Dt 16.16), Ele também deveria estar em Jerusalém por ocasião da Festa dos Tabernáculos, porém Ele faz isto em oculto, pois conforme Ele próprio declarara, seu propósito era cumprir a vontade de Deus e não a dos homens vangloriando-se a si próprio. Em Jerusalém havia dissensão entre o povo a respeito de Jesus quanto a veracidade de suas ações, fato este que já havia sido previsto por Simeão por ocasião da apresentação de Jesus no Templo conforme descrito em Lc 2.34-35: “E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado. (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações”. Apesar das contradições apresentadas entre o povo, Jesus se mantém em oculto, até o momento oportuno, onde com sabedoria, Ele traria respostas aos anseios apresentados pela multidão quanto a sua Pessoa, obra e missão.

1.3 As ameaças de prisão e morte – Os movimentos de Jesus eram previamente calculados a fim de não se expor em demasia, por isso, apenas quando a festa estava lá pelo meio, é que resolvia aparecer e ensinar. O risco era iminente, porém mais uma vez voltou o Mestre ao seu ofício de modo agradável, cativante e ungido fixando assim a atenção de seus ouvintes magneticamente. Mas não demorou para que os infelizes opositores que sabiam que Ele estava ameaçado de prisão e morte se manifestassem (Jo 7.25). Logo alguém fez uma dedução muito maliciosa, “Vejam! Ele está falando em público, e ninguém diz nada contra Ele! Será que as autoridades sabem mesmo que Ele é o Messias?” (Jo 7.26). Todavia, como não era o tempo, continuou seu ministério e não conseguiram prendê-lo. Eis aí o ambiente que Jesus desenvolveu o seu ofício.

A Festa dos Tabernáculos tinha um período de duração de sete dias, sendo esta comemorada desde os quinze dias do mês sétimo que era o mês de Tisri coincidente com os meses de setembro/outubro (ver Lv 23.33-35). Quando a festa já estava quase na metade, Jesus subiu à parte externa do Templo e ali Ele ensinava. Os versículos 25 ao 27 mostram a argumentação dos de Jerusalém quanto ao fato de Jesus falar abertamente no Templo, não sendo, no entanto interceptado por aqueles que queriam mata-lo. Por conseqüência, alguns questionam entre si: “Não é este o que procuram matar? E ei-lo aí está falando abertamente, e nada lhe dizem. Porventura, sabem verdadeiramente, os príncipes, que este é o Cristo?” (Jo 7.25,26). O questionamento do povo entre si mostra que já era conhecido em Jerusalém a intenção da liderança judaica quanto a prisão e morte de Jesus. O fato, no entanto dEle falar abertamente no Templo leva o povo a questionar se esse era ou não aquele a quem os líderes estavam perseguindo ou então talvez a liderança de Israel já soubesse que Jesus era verdadeiramente o Messias por quem eles esperavam, e por esta causa eles não tomavam nenhuma atitude contra Jesus. A controvérsia em relação a Jesus era grande entre a multidão, mas apesar disto muitos da multidão crêem em Jesus, fato este que contribui para os fariseus e os principais dos sacerdotes, ouvindo o que a multidão dizia acerca de Jesus, mandarem servidores para prenderem a Jesus.

Jo 7.30,31: “E muitos da multidão creram nele e diziam: Quando o Cristo vier, fará ainda mais sinais do que os que este tem feito? Os fariseus ouviram que a multidão murmurava dele essas coisas; e os fariseus e os principais dos sacerdotes mandaram servidores para o prenderem”.  

2. A sabedoria na perseguição Você saberia como agir em meio a perseguição? Lemos o Novo Testamento não apenas de modo histórico para fortalecer as nossas almas, ele tem um sentido profético que devemos atentar. O mundo vem ensaiando ao longo dos séculos um governo único onde há de se explorar o comércio, o prazer e o esoterismo comprimindo a igreja à sua adesão ao “espírito demoníaco” de Babilônia em sua nova forma. Quando Paulo percebeu tal coisa em seu tempo conscientizou seus obreiros a trabalharem ainda mais. Devemos olhar para Jesus e aprender com Ele como agir nesses tempos difíceis.

O capítulo 7 do evangelho de João mostra a presença de Jesus em Jerusalém e seus ensinamentos em meio à perseguição. Conforme já considerado até aqui, Jesus age com prudência diante desta situação; Ele, porém não deixa de cumprir sua missão e em ocasião propícia, no meio da festa, sobe ao Templo e ali ensina de tal forma que seu ensino causa admiração. A forma como Jesus se manifesta em público ao longo do capítulo 7, mostra que em meio a perseguição os cristãos devem agir com sabedoria e com prudência, é importante, porém observar que Jesus não se omite em dizer qual era a verdadeira condição espiritual daqueles que lhe ouviam, apesar das conseqüências que isto poderia lhe acarretar. A confiança em Deus é outro ponto importante de se aprender com Jesus no relato do capítulo 7. Apesar da intenção da liderança judaica de por esta ocasião prender Jesus, ninguém pode lançar mão dEle, pois conforme João escreve em Jo 7.30 “ainda não era chegada a sua hora”. Este fato indica que toda e qualquer situação em meio a perseguição somente pode ter ocasião debaixo da permissiva vontade de Deus para que esta venha ou não a ocorrer e ainda que Deus permita situações que causem aflições, o cristão sempre terá o próprio Senhor Jesus como modelo de Alguém que sofreu injustamente, mas perseverou até o fim.

Mt 10.22: “E odiados de todos sereis por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”.

Mt 10.24, 25,28: “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo ser como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos? E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”.

1 Pe 2.21: “Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas”.

1 Pe 4.12,13: “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis”.

2.1 Sua prudência (Jo 7.10) – ...Por algum tempo o Mestre esteve calado refletindo sobre o que estava acontecendo. Ele não se isolou em casa, mas ao andar pela Galiléia em vários lugares mantinha contato com o povo. Seu silêncio era de preparação para a próxima apresentação em público, isso fica claro quando lemos atentamente o evangelho de João. Há tempo de falar e de calar (Ec 3.7), mas o silêncio do Mestre jamais foi covarde e sim bem calculado, para demonstrar toda sua energia como chegou a fazer em meio à festa diante de todos (Jo 7.14). Ele não subiu à Judéia porque seus irmãos queriam e quando queriam, mas foi ocultamente. Há certas atitudes que o obreiro tem de se reservar no direito de fazer em oculto para o seu bem e a eficácia da sua obra (Pv 15.2; 16.16; 18.4).

Pv 13.16: “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura”.

Pv 14.8: “A sabedoria do prudente é entender o seu caminho, mas a estultícia dos insensatos é engano”.

Pv 14.18: “Os simples herdarão a estultícia, mas os prudentes serão coroados de conhecimento”.

Pv 16.16: “Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata!”

Pv 16.21: “O sábio de coração será chamado prudente, e a doçura dos lábios aumentará o ensino”.

Mt 10.16: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas”.

2.2 Estava oculto em meio ao povo – Naquela ocasião, Jesus estava como um grão de trigo oculto, mas em meio ao povo prestes a revelar o momento esperado. Ocultamente participava da festa e assim poderia tomar conhecimento do que o povo comentava também a seu respeito sem ser notado, até que finalmente se manifestasse publicamente. Nem sempre a obra de Deus deve ser feita às claras, não apenas por causa da oposição, mas por causa do orgulho humano...

Pv 22.3: “O prudente prevê o mal, e esconde-se; mas os simples passam e acabam pagando”.

Am 5.13: “Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau”.

2.3 No meio da festa subiu ao templo e ensinava (Jo 7.14) – A profecia acerca do “Servo de Jeová” (Jesus) previa que em sua missão profética Ele seria uma espada aguda e afiada mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. O Servo de Jeová seria uma flecha polida escondida em sua aljava para ser lançada a seu tempo (Is 49.2). E foi tal como a profecia messiânica previa que Jesus agiu, quando a festa estava no meio Ele subiu ao templo e pôs-se a ensinar publicamente. Com isso a sua obra profética não deixava de ser feita, a sua influência não diminuía e nem as pessoas ficavam sem a mensagem. O efeito surpresa da aparição de Jesus no templo causava admiração e as suas palavras maravilham a todos, pelo fato de saberem que Ele não estudou numa escola regular; como faziam os escribas e fariseus, mas o Mestre tinha uma língua erudita para dizer uma boa palavra aos cansados e oprimidos (Is 50.4; Mt 11.28).

Is 49.1,2: “Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome. E fez a minha boca como uma espada aguda, com a sombra da sua mão me cobriu; e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava”.

Jo 7.14-18: “Mas, no meio da festa subiu Jesus ao templo, e ensinava. E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras, não as tendo aprendido? Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo. Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça”.

Conforme já considerado, no meio da festa Jesus subiu ao Templo e ali Ele ensinava. Os judeus maravilhavam-se acerca do seu ensino, pois como poderia Ele saber “letras” não as tendo aprendido. Segundo escreve Aker (2003, p. 530), o fato dos judeus terem este pensamento acerca de Jesus não indica que Jesus fosse ignorante ou não soubesse ler. Todos os meninos judeus aprendiam a ler estudando as Escrituras. O pensamento dos judeus estava no fato de Jesus não ter passado pelas escolas rabínicas, o meio pelo qual as tradições eram passadas e onde mestres instruídos, que conheciam todas as possíveis interpretações e posições de todos os rabinos antigos, sabiam dar respostas. Jesus responde ao questionamento no pensamento dos judeus não dando crédito a si mesmo, a sua doutrina não era de si próprio, mas do Pai Celestial, Aquele que lhe enviou. As palavras de Jesus em Jo 7.18 eram instrutivas aos questionamentos dos judeus acerca de sua Pessoa. Normalmente, os falsos mestres, aqueles que enganam o povo falam de si mesmo, buscando a sua própria glória; Jesus, porém aconselha o povo a provar a sua doutrina, fazendo a vontade de Deus. Aqueles que fizessem a vontade de Deus conheceriam se a doutrina ensinada por Jesus era de Deus, ou se Ele falava de si mesmo. O fato dEle nunca falar de si mesmo glorificando sempre ao Pai Celestial e creditando a Ele sua instrução e sua obra era prova de que Ele não enganava o povo e de que nEle não havia injustiça.

3. Sua mensagem em meio a perseguição – O ápice do capítulo sete de João aponta para a mensagem de Jesus, que aconteceu no último dia da grande festa. As características peculiares daquele momento difícil tornou muito mais especial a sua mensagem. Havia na ocasião uma cerimônia em que o sacerdote saía com um jarro vazio de ouro para o tanque de Siloé acompanhado por uma procissão, retornava ao templo e ali derramava numa bacia água e vinho. Que em seguida eram derramados no templo e havia grande alegria naquele momento. Tal evento tinha a finalidade de mostrar a gratidão a Deus pelas colheitas, e pedir a Deus por novas chuvas. Também lembravam do tempo em que seus ancestrais habitaram no deserto e beberam água da rocha.

3.1 A mensagem foi uma surpresa – A rocha de onde saiu água no deserto era lembrada e celebrada naquela solenidade. Tal rocha apontava para o Messias. O Senhor Jesus sabendo disso com ousadia foi e conclamou que os que cressem, viessem a Ele, pois Ele era a rocha profética de onde poderiam beber de sua água e saciar sua sede espiritual. Todavia a sua mensagem tinha um sentido futuro para aqueles judeus, visto que o Espírito Santo não havia sido derramado sobre eles, pois Jesus não havia sido glorificado ainda. O Senhor Jesus foi não apenas intrépido, mas cuidadoso em levar uma mensagem que fosse revestida de sentido para os seus ouvintes. A mensagem foi compreensível e todos eles entenderam acerca do que Jesus estava falando acerca de si mesmo, que propunha oferecer satisfação. E é assim que devemos oferecer a Jesus, como aquele que satisfaz.

Depois de Jesus responder aos diversos questionamentos feitos pelos judeus durante os dias da Festa dos Tabernáculos, no último dia da festa, o oitavo dia, Ele pôs-se em pé e clamou dizendo: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.37,38). Conforme escreve M. Pearlman (2000, p. 93), o convite do Senhor torna-se mais acentuado se examinado a luz de um dos atos mais marcantes da Festa dos Tabernáculos. Neste, a água era tirada do tanque de Siloé com uma bacia de ouro e levada em procissão para o Templo, onde era derramada ao som das trombetas tocando em triunfo e das exclamações de “Aleluia”! da parte dos assistentes. O derramamento da água tinha um significado tríplice:

·      Era o reconhecimento e agradecimento pelas bênçãos divinas reveladas nas chuvas da sementeira e da colheita.
·      Nele comemorava-se o milagroso suprimento de água que os israelitas receberam no deserto.
·      Era o símbolo profético do futuro derramamento do Espírito sobre o povo de Deus, que, segundo os israelitas espirituais, seria o cumprimento das palavras cantadas pelos sacerdotes enquanto tiravam a água do tanque: “E vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação” (Is 12.3).

W. MacDonald (2008, p. 276) explica que esta cerimônia era realizada durante os sete primeiros dias da Festa dos Tabernáculos, mas não no oitavo dia e isto fez com que a atitude de Jesus se tornasse mais surpreendente. Ao colocar-se de pé, no oitavo dia e conclamar todos a virem a Ele, Jesus mostra o sentido profético que havia nos atos da Festa dos Tabernáculos. É Ele a Rocha de onde emana água que jorra para a vida eterna. Aqueles que nEle cressem, tornar-se-iam em “seu ventre”, ou seja, em seu interior, rios de água viva. O versículo 39, onde João escreve: “E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”, deixa claro que o rio de água viva refere-se ao Espírito Santo. Este viria a ser concedido depois da glorificação de Jesus, ou seja, depois de sua morte e ressurreição quando então Ele foi glorificado no céu. O ato profético da Festa dos Tabernáculos relembrando a Rocha Ferida no deserto de onde emanou água, encontra relação direta com a água e sangue que emanaria do corpo de Jesus por ocasião de sua morte (ver Jo 19.34). A água como símbolo do Espírito Santo e o sangue como símbolo de seu sacrifício indicam que a concessão do Espírito Santo para saciar a sede espiritual de todos os povos se devia unicamente à graça de Deus concedida a todos os homens através do sacrifício de Jesus em favor de todo pecador. O Espírito Santo habitando no interior de alguém fluiria como um rio, refrescando a alma sedenta daqueles que o ouvem, é esta a promessa deixada por Jesus para qualquer pessoa que nEle crê em conformidade com aquilo que diz as Escrituras.

3.2 A mensagem foi reveladora (Jo 7.37,38) – A satisfação era garantida por Jesus àqueles que viessem a Ele, assim como os ancestrais se satisfizeram ao beber da água da rocha no deserto. Ao falar assim, imediatamente, alguns reconheceram, “Ele é verdadeiramente profeta”, outros disseram, “Ele é o Messias”. Todavia [...] disseram que o Messias não poderia vir da Galiléia, onde Jesus morava, e sim de Belém de onde era Davi. Na verdade Jesus estava demonstrando quem Ele de fato era de uma maneira audaciosa e surpreendentemente nova! Nele repousava toda a satisfação, melhor, Ele é a rocha e a fonte de toda satisfação espiritual que vem completar felicidade humana.

As palavras de Jesus em Jo 7.37 levam muitos da multidão a reconhecerem-no como um verdadeiro Profeta. Outros o reconhecem de fato como o Cristo, porém haviam ainda aqueles que questionavam o fato de Jesus vir da Galiléia, já que Ele fora criado em Nazaré. Para estes, tal fato parecia contraditório, já que as Escrituras apontavam que o Cristo seria da descendência de Davi, de Belém, a aldeia de onde era Davi. De fato, Jesus, através de Maria era da descendência de Davi cumprindo assim aquilo que estava descrito nas Escrituras, e, além disto, Ele nasceu em Belém conforme havia sido profetizado pelo profeta Miquéias. O questionamento dos judeus não estava errado, mas parece que lhes faltava este conhecimento quanto ao local do nascimento de Jesus em Belém e não em Nazaré.

Mt 2.1-6: “E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel”.

3.3 A mensagem foi admirável (Jo 7.46) – Em virtude das queixas contra Jesus, que ensinava a pregava no Templo foi acionada a própria guarda para prende-lo e “restabelecer” a ordem. Porém a soldadesca, ao chegar lá, presenciou o Mestre ensinando e a multidão atenta às suas palavras que se derramavam com sabedoria, unção e graça, que acabaram por ficar paralisados, não tendo coragem de prendê-lo. Quando retornaram sem o homem, os principais sacerdotes e fariseu ficaram boquiabertos, pela desobediência deles e perguntaram: Porque não trouxestes aquele homem? A resposta dos soldados foi: “Nunca ninguém falou como este homem”. A soldadesca, naquele momento, entendeu a procedência divina de tais palavras e por isso não ousaram prende-lo, e, é claro, porque também não chegara a hora.

Jo 7.44-46: “E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele. E os servidores foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus; e eles lhes perguntaram: Por que não o trouxestes? Responderam os servidores: Nunca homem algum falou assim como este homem”.

Conforme já considerado no ponto anterior, os versículos 40 ao 53 mostram a reação dos diversos grupos que ouviram o chamado de Jesus. Alguns julgam ser Ele “o profeta”, outros “o Cristo”, e outros queriam prendê-lo. Os servidores que haviam sido enviados pelos sacerdotes e fariseus maravilham-se com as palavras de Jesus, porém a liderança judaica permanece em sua incredulidade. Naquele momento, Nicodemos aparece entre os fariseus e fala em favor de Jesus. Os fariseus, porém não consideram a argumentação de Nicodemos por serem eles hostis àqueles que vinham da Galiléia.

Referências Bibliográficas:
Aker, B.C.; Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Pearlman, M.; Comentário Bíblico - João, 2000, 3ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP.